ARTICULISTAS

Ao homem da Lapônia

Olá, como vai, tudo bem? Espero que esteja em paz

Luiz Cláudio dos Reis Campos
lucrc@terra.com.br
Publicado em 06/12/2012 às 20:43Atualizado em 19/12/2022 às 15:56
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Olá, como vai, tudo bem? Espero que esteja em paz, desfrutando de boa saúde e ânimo para suas empreitadas anuais. A última vez que tentei contato data de aproximadamente 47 anos. Torço para que o destinatário ainda seja o mesmo, entretanto se quem estiver lendo esta carta for algum substituto, adianto-me para também desejar que se encontre em plena atividade, visto que os préstimos e benfazejos gestos que vieram daí sempre geraram expectativas positivas, enchendo-nos de sonhos e esperanças. É bem verdade que nem todos se concretizaram, mas, como é da nossa natureza humana, firmávamos crença em realizá-los logo adiante. Perseverar é o lema.

Também é oportuno esclarecer ao destinatário o motivo pelo qual fiquei tantos anos sem escrever-lhe. Naquela ocasião as cartas que remetia eram redigidas por uma irmã de plantão, já alfabetizada, visto que eu ainda não havia iniciado nas letras. O que eu fazia era ditar o que queria que fosse escrito e enviado. Lembro-me de umas três vezes. Depois que me alfabetizei não escrevi e parei de enviar as cartas. Chegava para mim também a revelação inevitável a todas as crianças daquela época que o endereço e o destinatário para onde enviávamos as cartas não existiam. Cada um de nós, em determinado momento, deparava com esta informação e vivia instantes, talvez horas e até dias de profunda decepção. Para muitos era a primeira grande perda, um verdadeiro choque de realidade. E os argumentos para a desmistificação eram incontestáveis.

Estou enviando-lhe esta carta como AR para assegurar-me da entrega ou da indesejada devolução por endereço inexistente. Procurei me informar se havia e-mail ou perfil em alguma rede social, não encontrei nada, o que me restou foi o endereço que guardei durante quase meio século.

Espero a confirmação positiva da entrega e uma resposta. Não farei nem um pedido, não quero presentes e nem sua presença, apenas preciso confirmar sua existência. Será confortante, diante de tantas coisas inacreditáveis, surreais, e outras tantas deploráveis e lamentáveis que vivemos nos dias de hoje, Papai Noel dar as caras. Sua materialização trará esperanças àqueles que acreditam e batalham por dias melhores. É preciso que faça sentido todas as vezes que dizem: “Só mesmo quem acredita em Papai Noel, acha que isto ou aquilo irá acontecer”. Ah, apenas um pedido então, ao responder a carta veja se é possível escrever que o verdadeiro significado do Natal é o nascimento de Cristo, só isto basta. Olha, Papai Noel, os relatos das peregrinações, pregações, ensinamentos e exemplos de Jesus de Nazaré são fortes indícios que Ele sabia de sua existência futura e já acreditava em você.

Aguardo retorno e não me venha com renas, venha pelos Correios. Gostou da letra? Estou desacostumado a escrever com caneta, muito embora insista em preservar uma boa escrita. Abraços novamente, depois de quase cinquenta anos.

(*) Presidente do PSDB Uberaba

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