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“Chiquita Bacana”

Luiz Cláudio dos Reis Campos
Publicado em 17/02/2025 às 18:27
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Emilinha Borba foi uma das mais populares intérpretes do século XX no Brasil, cantando samba, marcha e choro. Ao contrário da nossa Adélia Prado, poetisa, romancista, vencedora do Prêmio Camões em 2024, que nunca trabalhou em rádio, Emilinha era contratada da Rádio Nacional e lá atuou por 27 anos. Um de seus maiores sucessos foi “Chiquita Bacana”, que muita gente conhece e canta até hoje. O refrão da música é bastante conhecido: “Chiquita Bacana lá da Martinica, se veste com uma casca de banana nanica”. Martinica é uma ilha do Caribe que exporta muita banana, principalmente para a França. Chiquita se vestia com casca de banana, não a comia. Há óbitos por engasgamento com casca de banana. Provavelmente, se Emilinha estivesse viva, assustada, faria um apelo: “não comam banana com casca, porque, se comerem, uma hora a Chiquita fica nua, sem o que vestir. Por sutil ironia, em Minas Gerais, surgiu um prato conhecido na culinária nacional como Filé à JK. Segundo consta, o prato foi criado quando o então presidente Juscelino Kubitschek se hospedou em um hotel de Araxá, terra do atual governador de MG, e o cozinheiro criou uma receita para homenageá-lo. JK leva na receita filé recheado com presunto e muçarela, acompanhado de arroz com gema de ovo, salsinha e ervilha junto com, observem, banana empanada sem casca. A banana recomendada é a nanica não muito maturada. O mais ilustre dos mineiros, ex-presidente da República, empresta seu nome para batizar um prato que nasceu em Araxá e vai banana sem casca para o forno. Os tempos são outros, JK, de gosto refinado e postura de estadista, comeu banana empanada sem casca em Araxá. Atualmente, de lá se recomenda banana com casca, algo de péssimo gosto e nada refinado. Consta que casca de banana tem três serventias: vestir a Chiquita, engasgar e escorregar. E pra requintar ainda mais a ironia, aquela poetisa de Divinópolis, confundida como funcionária de uma emissora de rádio local, em seu poema “Cabeça” traz a seguinte passagem: “quando eu sofria dos nervos… qualquer casca eu apanhava. Hoje que sarei, tenho uma vida e tanto… Caso chova, tenho trabalho nenhum. Casca, mesmo sendo de banana ou de manga eu não intervo, quem quiser que se cuide” – Adélia Prado. Especula-se que Juscelino um dia disse: “Minas não é uma República de Bananas”, mas se não disse deveria ter dito, conforme afirmava o saudoso Odorico Paraguaçu.

PS: O governador Zema em uma infeliz abordagem apareceu comendo banana com casca nas redes sociais com o intuito de recomendar esta prática para combater a inflação.

Com relação a Adélia Prado, escritora consagrada, mineira de Divinópolis, o governador, ao dar entrevista para uma rádio naquela cidade, recebeu do radialista um livro de Adélia Prado. Na ocasião, o governador agradeceu e perguntou se Adélia trabalhava na emissora.

 Luiz Cláudio dos Reis Campos

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