Conversa em dois tempos
- Calma meu caro, tudo vem ao seu tempo. - O tempo não pára, não dá para esperar. - O tempo é apenas uma convenção cronológica. Não é concreto.
- Calma meu caro, tudo vem ao seu tempo.
- O tempo não pára, não dá para esperar.
- O tempo é apenas uma convenção cronológica. Não é concreto.
- Discordo. Quando dizem que há tempo para tudo é porque dele não se espera nada.
- Lamento o equívoco. Primeiro não há tempo para tudo, para tudo tem um tempo. E ninguém vai viver nada fora do tempo.
- Urge correr contra o tempo, pois nada nos espera o tempo todo.
- Pensando assim acha que não perde tempo, porém o tempo, de tempos em tempos, nos mostra que é tempo de deixar o tempo levar.
- Engano fatal. Tempo é dinheiro. E sem dinheiro ninguém tem tempo para levar o tempo.
- Se tempo é dinheiro, acumulei o necessário poupando o tempo para desfrutar o tempo que vivo hoje.
- Seu tempo é outro. Outros tempos que não voltam mais.
- Mais um equívoco. Meu tempo é o seu tempo enquanto tenho tempo de falar com você, que acha que meu tempo acabou.
- Não é que seu tempo se foi. É que você foi, com o tempo, ficando com tempo de falar do tempo. E este não é o meu tempo. Não tenho tempo de pensar no tempo.
- Então pense no seu tempo que nunca foi o meu tempo, porém estamos no mesmo tempo em tempos distintos.
- Pelo visto o tempo é presente e futuro.
- Não. O tempo é passado. Você passa o tempo no presente.
- Só conjugo meu tempo no futuro perfeito.
- O tempo é o verbo em sua forma infinita. Nascer, andar, crescer, amar, pensar, viver e morrer.
- Sendo assim, meu tempo é correr, enriquecer, comprar, poder.
- Meu caro, dá um tempo. Já vi que nossa conversa é perda de tempo.
- Não entendi.
- Quem sabe com o tempo...
(*) presidente do PSDB Uberaba
