Dados levantados por técnicos foram utilizados para justificar medidas de natureza econômica que simplesmente recomendam cortar avanços significativos na Educação de Minas Gerais. O programa Educação em Tempo Integral é alvo de corte do governo estadual atingindo 80 mil alunos que terão reduzida a sua jornada escolar. Ou seja, as planilhas apontam déficit nas contas do governo e resolve-se interromper o programa para milhares de jovens. Os números não falam por si só, quem fala por eles somos nós. E nessa lógica irrefutável vamos perceber que quem está falando por esses números não consegue se conectar com o que é despesa e com o que é investimento. Educação e promoção humana não são despesas, são investimentos para a construção de cidadania. Não é meritório buscar o equilíbrio dos gastos públicos sacrificando o que é precioso para tantas famílias que contam com seus filhos matriculados em uma escola de tempo integral. Não se justifica êxito orçamentário retirando conquistas tão importantes que contribuem para manter jovens fora das ruas, dando, aos mesmos, perspectivas diferentes de uma realidade hostil e de irreparáveis consequências diante do que pode ocorrer em circunstâncias nas quais o infortúnio e o descaminho estão na próxima esquina. É uma decisão destituída de qualquer senso de justiça social. Não há, como querem fazer crer, nenhum ato de coragem e bravura de quem está focado apenas matematicamente em ajustar as contas públicas. Educação não se restringe, amplia-se. De que adianta uma gestão que utiliza um remédio com efeito colateral que compromete o futuro de novas gerações e dá um péssimo exemplo ao inserir a Educação em um contexto meramente tecnocrata? A visão imediatista impede enxergar mais adiante e não leva em consideração o custo social que logo mais virá com uma fatura alta de menos preparo, maior evasão e provável desvio de rota de muitos que, certamente, perderão as oportunidades que se abrem pela Educação de tempo integral e passarão a engrossar as tristes estatísticas de jovens sem perspectivas, vencidos pelas drogas e aliciados pela contravenção. Isto não é nenhum alarmismo. É a cruel realidade que vivenciamos atestada diariamente pela mídia. O NOVO GOVERNO ao imaginar que com essa ação está colaborando para sanear as contas do Estado, na verdade está contraindo uma dívida social histórica, impagável, com milhares de jovens, suas famílias e seus educadores. Retroceder em Educação é retroceder em tudo.