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Fator H

Desde os primórdios, quando a matemática aparece com seus números, reais, relativos, naturais

Luiz Cláudio dos Reis Campos
lucrc@terra.com.br
Publicado em 19/11/2018 às 19:22Atualizado em 17/12/2022 às 15:38
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Desde os primórdios, quando a matemática aparece com seus números, reais, relativos, naturais, absolutos, primos, pares, ímpares, inteiros, fracionários, nossas vidas, de forma bem acentuada, estão baseadas neles. O que vale destacar é que todos os números que apresentam suas especificidades para diferentes manifestações no cotidiano têm em comum algo imutável, todos são imparciais. Por serem imparciais e silenciosos, quem fala por eles somos nós. Eles não falam por si só. Eles estão à disposição de nossa conveniência. Daí entra o que batizo de Fator H (FATOR HUMANO) ou a “inconstante” H, dando veracidade à existência de dois pesos e duas medidas. Recebi de meu filho,Vinícius, engenheiro, residente em São Carlos-SP, matéria do G1, caderno Ciência e Saúde, do dia 16/11, com o títul “Por que em 2019 1kg não pesará 1kg. O resultado final é que, a partir de maio do ano que vem, 1kg não será 1kg porque houve uma perda de 50 microgramas ao longo de cem anos na unidade convencional de referência, que é a massa de um cilindro de quatro centímetros de platina e irídio fabricado em Londres, guardada pelo Escritório Internacional de Pesos e Medidas (BIPM) em um cofre, na França, desde 1889. Podemos, então, admitir que, em maio do ano que vem, ao subirmos na balança, para cada quilograma registrado teremos 50 microgramas a menos, que equivalem a 50 x 0,000001 grama. Estaremos pesando menos? E nessas ondas absolutas e relativas, 11 mil é maior que três mil, mas pode valer menos. É questão de introduzir o fator H e calcular. O médico cubano ganha três mil reais livres, mais auxílio moradia e alimentação. Suponha que esse médico tenha três filhos e esposa. Lá, os filhos estudam gratuitamente até a universidade e sempre terão cobertura de saúde; sua mulher também. Agora, pague o salário integral a esse médico, traga seus três filhos e mulher para morarem no interior da Amazônia, ou num rincão do Piauí, no semiárido nordestino. Com o salário integral de 11 mil reais estaria dando mais dignidade e horizontes para sua família? Eis o “x” da questão, onde três podem valer mais que 11. São dados que saem da frieza das planilhas e vão expressar outra valoração, onde o fator humano entra na equação. A se pensar, como colaboração ao debate, desideologizando as variáveis. 

(*) Engenheiro

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