(republico a pedido)
O ano, se não me engano, era 1973. Estávamos cursando no Diocesano a sétima série do primeiro grau, que deve corresponder hoje ao oitavo ano. Mas isto é o de menos, até porque os conteúdos, em boa parte, não são os mesmos. Tínhamos excelentes aulas com professores abnegados, exigentes e embasados. Alguns eram irmãos maristas. O colégio exercia grande atração e para a maioria era um local de estudar e também compartilhar vivência, lazer, esporte. Lembro-me das peladas e também de torneios que participávamos nos fins de semana, principalmente aos sábados. Por um bom tempo integrei, com outros amigos do colégio, um time de futebol de salão que denominamos de Atlantic, nome inspirado em uma rede de postos de gasolina, cujo slogan era: “Atlantic, quem não é o maior tem que ser o melhor”. E este slogan nos cabia, visto sermos novos e, sem falsa modéstia, bons de bola, vencendo muitas vezes estudantes já um pouco mais avançados. Creio, sem medo de errar, que marcamos uma época, não é mesmo, Guiba, Osorinho, Marcelo Gaia (in memoriam), Gainha...? No dia-a-dia das aulas o Atlantic se dispersava nas turmas para se reencontrar no recreio. Em aula tínhamos que buscar concentração. Numa delas, de ciência, quando pus atenção de fato na matéria, viajei no tempo e no espaço. O professor falava sobre o átomo. Quanto mais a aula avançava, mais curioso e impressionado eu ficava. Marcou-me especialmente o capítulo que tratava da Teoria atômica de Dalton, que propôs, em 1808, sua explicação da natureza da matéria em postulados. Não me lembro de todos, mas de um nunca esqueci: os átomos são permanentes e indivisíveis... No entanto, o professor argumentou que alguns postulados de Dalton haviam sido derrubados. Este que me lembro era um deles. Quanto à teoria atômica, pediu-nos uma crítica sobre os postulados de Dalton. Fiz com a desenvoltura de quem dominava amplamente o assunto. Entreguei o texto orgulhoso do meu desempenho. O professor fez questão de mencionar a única resposta que um colega escreveu na prova: “quem sou eu para criticar Dalton”, lógico que sua nota foi péssima, mas confesso, no fundo, gostei mais de sua resposta do que do meu tratado. Talvez porque descobrira que o Atlantic, assim como o átomo, não seria permanente e indivisível...
(*) Engenheiro