Uma coisa é certa com a presença definitiva das redes sociais como instrumentos de comunicação, interação, informação, diversão, difamaçã não podemos mais romantizarmos o nosso tão admirado jeito de ser de um povo educado, cordial, pacífico, solidário, respeitoso, acolhedor. Tudo isto agora faz parte do campo da hipocrisia revelado pelas redes sociais. Somos o que digitamos. O que se vê no dia a dia do Tweeter, do Facebook são claras evidências de um enorme desfile de toda sorte de um bocado de manifestações de péssimo gosto, principalmente nos comentários que são as janelas que escancaram o pensamento e libertam todos de alguma prudente autocensura e nos entopem de impropérios e de estultices inacreditáveis. Oh, força incalculável das redes sociais para desnudar personalidades perversas e inconsequentes que não medem palavras e, em grande parte, vocifera aprendizados alheios geralmente inconsistentes e pífios. Maldita rede social e bendita rede social. Maldita porque expõe a indignidade humana, e bendita pelo mesmo motivo, porque expõe a indignidade humana que era latente sem canais para se posicionar tão deliberadamente. Leio incrédulo um amontado de asneiras em sua maioria mal redigidas, capengas de plural, claudicantes no tempo verbal, mas petulantes no conteúdo que geralmente é uma indelicadeza e uma sandice de dar vergonha. O impulso e as curtas mensagens são estimuladores do raciocínio rápido, imediato, mas priva-nos de análises mais elaboradas, inibe a sensatez e aflora o efeito cabeça feita, cujas intolerância e intransigência ganham espaço porque se tornam armas incontestes na artilharia virtual. Não é necessário nem se dar ao luxo de tomar conhecimento de todo o conteúdo; seu enunciado e seu autor já são previamente identificados e por aí é que ocorrem os insultos. Vê-se e vive-se ao redor dos teclados e dos áudios uma farsesca atividade de postagens, onde o elevado grau de desrespeito e descompromisso com a verdade e com a correta informação prevalecem como método de angariar adeptos e desacreditar os oponentes. Isso não pode receber o nome de democracia. A experimentação leviana com a opinião pública é o que podemos chamar de erro calculado e não involuntário. Se colar, colou. Se não colar, desculpa. E desta forma o exército de incautos está pronto para todas as contendas, crédulo e abertamente inidôneo. É dantesco ler algo redigido com tanta convicção e arrogância sobre o que mostrou nada saber.
Luiz Cláudio dos Reis Campos