A história está aí para nos servir. Não existe povo sem limite de paciência. Cada um tem o seu, uns mais curtos outros mais dilatados. Ao longo da civilização, vários foram os momentos de insurreição e rebelião. A tolerância é uma virtude que não pode ser instigada e menosprezada. É necessário entender que resignação não é eterna e também se subleva exorbitada de tanto desplante e desfaçatez. Vivemos uma crise moral e ética que se acentua à medida que se perpetuam métodos corriqueiros e usuais de uma política que agoniza e não consegue entrar em sintonia com a real sociedade, que ela deixou de representar. A ilegitimidade é enorme. Nada hoje é mais paralelo do que o povo e os cacoetes da política tradicional. A maioria da classe política já se deu conta, com certeza, mas, indefesa, precisa se manter sob o manto das práticas condenadas pelo povo. A sobrevivência política de longe não mais se nutrirá de incoerências. Percebe-se que a população e o eleitor estão ávidos pela verdade. Querem coerência entre fala e ação. Aqueles que puderem expressar-se de uma maneira livre e autêntica se farão ouvir com maior interesse. “Aquela velha opinião formada sobre tudo” pode não colar mais. Os tempos são outros, as mídias, também. Tudo e todos expostos. Há que compreender as diferenças temporais e enxergar mais adiante, ou o tempo e a distância dirão não. Creio que há uma latente insatisfação represada desde o ano passado, por que não dizer desde 2013, que ainda não voltou a se expressar por certa paralisia de estarrecimento e apatia pela descrença. Porém, não demora e os arrivistas de plantão serão surpreendidos. Essa é a lógica que o status quo de um poder dissociado de seus representados teima em ignorar e insiste em manietar e postergar o que a nação mais espera. O idioma político está sem vocábulo adequado para se comunicar com quem está ávido de coerência, transparência e justiça. E muitos serão aqueles que se colocarão como intérpretes dessa Babel política que o Brasil vive. Do caos podemos nos tornar caóticos, dependendo do que sobrar. A crise de legitimidade talvez seja uma das maiores, se não a maior do Brasil contemporâneo, e a lição que a história nos oferece é a de que nenhum povo tem paciência ilimitada. Enganar-se-ão os que contam com isso. Serão tomados de surpresa com as antes benevolentes urnas.
(*) Engenheiro