Natal

Lembro-me dos preparativos que antecediam o Natal e eram compartilhados lá em casa pela família com a devoção, dedicação e fé de minha saudosa mãe. Estou me reportando há cinco décadas. O presépio armado já no início de dezembro assegurava a simbologia do Advento que significa a preparação para o nascimento de Jesus. É um tempo de alegria para os cristãos. O período do advento é definido pelas quatro semanas que antecedem o Natal, tendo início no domingo mais próximo do dia 30 de novembro, indo até o dia 24 de dezembro.

O manuseio do crepom era tarefa de mutirão. O presépio ganhava contornos com o moldar do papel que ao final se assemelhava a uma gruta. As peças indispensáveis eram desempacotadas de caixas guardadas anualmente. Maria, José, Cristo, os pastores representando a humildade e a singeleza, a estrela de Belém orientadora dos magos Melquior, Baltazar e Gaspar também desembrulhados. Os anjos anunciando a chegada de Jesus e os burros, bois e ovelhas do curral e o galo cantando as boas novas. Atualmente, fico a refletir sobre José e reforça-me a importância de seu papel e da sua condição de pai. Maria concebida pelo Espírito Santo deu à luz Jesus Cristo. José conferiu-lhe paternidade terrena. Este é o grande ensinamento que se extrai da figura humilde e contemplativa do carpinteiro, pai de Jesus.

A árvore de Natal crescia concomitante à montagem do presépio e Papai Noel era ansiosamente aguardado. Ambos tinham muita importância, mas nem de longe comparada a do presépio. Fazia-se questão de enaltecer a simbologia e a figura de Cristo, que hoje traduzo assim: Natal é o fracasso de Herodes. É a celebração da vida. É o amor e também a saga de Maria. É a cumplicidade de José. É a travessia em fuga para dar à luz. Natal é anúncio do início. É o começo do sacrifício pela transformação. É o nascimento da superação. É o ponto de partida da subversão. Feliz Natal às crianças que habitam cada um de nós. É delas a comemoração.

(*) Engenheiro

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