25 de janeiro de 2019, treze horas. Você se recorda do que estava fazendo, onde se encontrava?
25 de janeiro de 2019, treze horas. Você se recorda do que estava fazendo, onde se encontrava? Tem um álibi perfeito? É capaz de descrevê-lo? Tem testemunhas que corroborem? Alguma materialidade que dê veracidade à sua afirmação? Tipo pagamento com cartão de crédito, comprovante de estacionamento, enfim, toda sorte de atividades e acontecimentos dos quais você participava e que lhe dará a exata ausência da cena do crime? E quando digo toda sorte é bom que entenda da forma mais graciosa e iluminada possível. Veja bem, o seu álibi não é para isentá-lo de culpa, mas sim para livrá-lo de ser vítima de uma chacina. Os que foram tragados pela lama que devastou suas vidas incansáveis de labuta inglória, esses não têm o álibi perfeito, estavam bem na hora e na cena do crime, diferentemente dos seus autores que, assim como outros da confraria deles, encontravam-se bem distantes do estouro do lamaçal, desfrutando das merecidas benesses que a boa e farta grana pode propiciar em uma tarde de sexta-feira ensolarada, avizinhando o fim de semana, com o reconhecido mérito de auferir lucros que nenhuma barragem de ganância é capaz de conter. Enquanto isso, distante das acrobacias milionárias que um bom fim de semana pode proporcionar em qualquer parte do Mundo, onde o dinheiro pode transportar, lá estavam na lama aqueles que, pelos braços, corações e mentes, promovem pela necessidade premente o bem-estar dos ausentes à catástrofe que cometeram. Lá se encontravam os desavisados do infortúnio e da tragédia evitável, mas cruelmente irreparável. Lá estavam as vítimas da negligência, indiferença, frieza e ganância. Vítimas indefesas colhidas de surpresa, sem direito a reação e defesa. Foi assim com tantos que já sabemos pelo nome, cujas histórias foram soterradas sem nenhum apelo. Enquanto isso, antes um pouco disso, ouve-se vozes propondo flexibilizar a legislação ambiental. Voltando aos que “VALEM” muito, à parte endinheirada do negócio. Qual mesmo são seus álibis? Seguramente os tem e, com certeza, de causar inveja, nesse momento náusea, a todos que sucumbiram pela inescrupulosa voracidade financeira. E não se trata dessa conversa de aprender com as lições. Vida que se perde por ação criminosa não é lição a ser deixada, é homenagem e justiça pela punição merecida dos responsáveis. Quanta má fama. Brasil um nome na lama.
(*) Engenheiro