Refiro-me àquelas pessoas solertes em excesso que se escondem atrás de auras combativas
Refiro-me àquelas pessoas solertes em excesso que se escondem atrás de auras combativas e deliberadamente agem em público. De uma esperteza envolvente e de tal forma convincente arrebatam tudo que intencionam conquistar, pessoas e coisas, óbvio, as coisas através das pessoas. Como se o Mundo a sua volta sempre conspirasse e convergisse em seu favor. Ímã de tamanha atração, seus argumentos e explanações parecem fazer tanto sentido, mesmo quando desafiam a lógica natural. São ardis ditos com tanta convicção que dispensam qualquer questionamento, quem dirá qualquer dúvida. Quem descrevo acima não é alguém, mas sim um traço de muitos e muitas que, com certeza, já nos deparamos pessoalmente ou de ouvir dizer ou através de se destacar por notória “celebridade” internauta. Um mesmo propósito não necessariamente está baseado em uma só intenção. Basta que mais de um o tenha. Pode haver razões louváveis e também as inconfessas, é da natureza humana. Bom mesmo é quando o propósito se encaminha para aqueles que de fato só têm uma intenção, a boa. Digo isto, tendo em vista as complexas e inexplicáveis motivações que determinados assuntos arrastam tanta gente e que, independente de verídicos ou não, têm acolhida imediata, automática e célere propagação. São mais replicados que qualquer notícia de autêntica e constatada procedência. As postagens ditas “fakes” dominam com grande prevalência. E a maioria absoluta que as divulga não sabe que são inverídicas e outras cujos conteúdos não são dos que as assinam. É uma febre que infelizmente faz com que não se tenha o cuidado e nem o senso crítico de ponderar o conteúdo e fazer uma análise de sua idoneidade. Um mar de informação que não forma, desinforma e deforma. Um avalanche de inconsequências que nos preocupa à medida que são aceitas e creditadas com a naturalidade de quem acorda pela manhã e sabe que é dia. A revolução tecnológica municiou um exército cibernético, cujas armas têm alcances imprevisíveis ou, na verdade, não miram em alvos específicos, mas atingem indistintamente quem está na mesma trincheira ou desavisados que também navegam no mesmo campo de batalha. A era virtual pode ser mais virtuosa e menos viral para aprimorar nossa capacidade seletiva e afugentar o comportamento de manada. Eis o verdadeiro desafio.
(*) Engenheiro