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Os trajes de Rita

Luiz Cláudio dos Reis Campos
Publicado em 17/05/2023 às 18:51
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Em missa, padre Lancellotti revelou que Rita Lee doava suas roupas para “os irmãos de rua” que se encantavam com elas. Coloridas, cheias de vida, de brilho, de pedrinhas. Lancellotti disse que um dia alguém lhe perguntou: por que você não faz um leilão das roupas? Respondeu: não foi pra isto que ela doou, foi para “os irmãos de rua” e assim foi feito. Em homenagem a Rita, convocou os fiéis para cantarem a música “O Bom José”, que atribuiu a autoria a ela. “Depois da bênção, nós vamos cantar a música da Rita Lee, ‘O Bom José’. A interpretação de Rita Lee é uma pérola maravilhosa, lá da década de 70, entretanto, fazendo um reparo, a canção é do compositor Georges Moustaki, que em francês leva o título “Mon vieux Joseph”, ou simplesmente “Joseph”. A letra fala do amor de José por Maria e sua decisão de acompanhá-la, abrindo mão de uma vida mais tranquila, caso fizesse outras opções amorosas. “Casar com Débora ou com Sara/Meu Bom José, você podia/E nada disso acontecia/Mas você foi amar Maria.” José conferiu a Jesus paternidade terrena e a Maria, devoção e companheirismo em uma época comum de se apedrejar adúlteras. Rita Lee e Moustaki ou Moustaki lá e Rita Lee aqui, cada um em seu canto, cantaram a liberdade, a inquietude, o amor, a irreverência. O Bom José ou Mon Vieux Joseph nasceu próximo a maio de 68, em Paris, quando Moustaki, seu autor, era uma das mais importantes vozes do movimento. Na ocasião, Rita Lee tinha 20 anos e já nos trazia Moustaki pra dizer em bom som que o Mundo, a partir de então, não mais seria o mesmo. As aspirações por mudanças profundas nas relações de trabalho, sexualidade, livre expressão cultural, revisão de valores normativos de comportamento, combate à Guerra do Vietnã, luta contra o racismo, nortearam aquela época, que se perpetuou. Não havia internet, mas o Mundo estava em ebulição e em sintonia com as ruas de Paris. “O agressor não é aquele que se revolta, mas aquele que motiva” e “É proibido proibir”, dois importantes lemas que simbolizaram os eventos de 68 e seus desdobramentos. “Salve Jesus, Maria, José, Rita Lee e Moustaki”, gostaria de ouvir de Lancelotti em uma homilia.

Luiz Cláudio dos Reis Campos

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