ARTICULISTAS

Paris

O legado do Iluminismo é de uma França livre, que não admite retrocesso

Luiz Cláudio dos Reis Campos
lucrc@terra.com.br
Publicado em 20/01/2015 às 19:54Atualizado em 17/12/2022 às 01:45
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O legado do Iluminismo é de uma França livre, que não admite retrocesso ao obscurantismo e fanatismo, inimigos da luz. Desde a Bastilha, a liberdade é um valor inarredável e seu cerceamento, inaceitável. No século XVIII, portanto há 300 anos, Voltaire sentenciou: posso não concordar com uma palavra do que você diz, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-lo. Esta é a essência da livre expressão de pensamento que não tem volta em um país que embalou a civilização moderna em seu berço acolhedor e fecundo. Manancial de fonte inesgotável de valores que são patrimônio da humanidade. Paris é sim Cidade Luz, não só pelo que se nota na maravilha noturna que a faz resplandecer, como também pelo significado de dar à luz, historicamente com tanta luta e resistência, o seu apreço à democracia. Paris ressurge a cada situação que a golpeia e pretende-se abatê-la de forma a não se recompor. Desconhecem-na aqueles que não conseguem entender e enxergar toda a trajetória de um país que tem Paris como seio de acontecimentos marcantes, em cujos resultados renegam-se a intolerância, o totalitarismo e vicejam a democracia e a integridade humana. Os partisans de ontem, mais de meio século atrás, são exemplos de resistência e estão na história por uma França combativa e decisiva na derrocada nazista. É a conhecida La Resistance na Segunda Guerra. Hoje, considero também partisans aqueles que deram a vida por defender o legítimo princípio que norteia a França iluminista e “voltairiana”. “Eu prefiro morrer de pé a viver de joelhos”, Charb (Stéphane Charbonnier), jornalista, caricaturista e diretor da Charlie que se manifestou assim diante das inúmeras e ostensivas formas de tentarem quebrar as pontas dos lápis que traçam irreverentemente a vida em todas as suas formas e conceitos. A França adiciona tristemente, porém orgulhosamente, em sua majestosa história, esses partisans que caíram de pé e levantaram o Mundo para caminhar nas ruas de sua querida Paris, marchando pela preservação da livre expressão e convivência harmônica da diversidade. Com uma reflexão de Charlie Chaplin, me manifesto à Charlie Hebd “creio no riso e nas lágrimas como antídotos para salvar o Mundo contra o ódio e o terror”. Eu sou Charlie (Chaplin e Hebdo).

(*) Engenheiro lucrc@terra.com.br

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