Existem certas ponderações que calam fundo e por elas fica demonstrada a necessidade da devida cautela e cuidado para, na medida certa, prestarem o papel necessário à boa compreensão daquilo que no momento é o motivo da dúvida e do questionamento. Fico admirado e porque não encantado quando me deparo com alguém que tem essa capacidade e lucidez para elucidar e iluminar com tamanha intensidade e racionalidade o que nos foge à percepção. E neste momento de crescente intolerância em nosso país, constatada por pesquisa em nível mundial, realmente se tornam imprescindíveis essas pessoas com habilidade, serenidade, reveladoras do bom caminho para o melhor discernimento. Estamos diante de desafios enormes que passam pela solidificação e aprimoramento da nossa juvenil democracia. Caminhamos muito bem até aqui, sem sobressaltos que nos fizessem preocupar a ponto de ocorrer qualquer retrocesso; entretanto, é fundamental que não percamos de vista a grandiosidade do bom debate, da tolerância, e o respeito às divergências e diversidades, às diferenças. O universo humano precisa acatar e conviver com a constante contestação, de forma elevada. O fato de alguma pessoa não pensar como eu ou você não a torna nossa inimiga ou nosso desafeto. As redes sociais ampliaram de forma exponencial o nível de comunicação e democratizou a participação coletiva de uma forma avassaladora e muito positiva, porém há o risco da banalização da própria democracia quando percebemos a formação de verdadeiros guetos e grupos de pensamento único e preconcebido que não admitem, de forma alguma, ser contestados. Li uma reflexão, que não me recordo de quem é a autoria, que diz o seguinte: “eu era louca para saber o que as pessoas pensavam; quando veio o Facebook, arrependi”. Em parte, devo concordar, porque o grau de intolerância e de deselegância tem horas que assusta e gera perplexidade. É preciso mais reflexão, mais constatação, para não nos excedermos e reproduzirmos como sendo algo nosso aquilo que nem mesmo sabemos se é real ou fruto falacioso de quem propaga insanidades. Quanto mais nos aprofundamos no que estamos dispostos a praticar e trocar conhecimento, mais abrimos nossos horizontes e, assim, também nossa tolerância. As eleições se aproximam, o debate deve se intensificar. Vamos ver como nos sairemos, se maiores ou menores quanto à compreensão do direito a todos se expressarem livremente e do contraditório, requisitos indispensáveis à tolerância.
(*) Engenheiro
