Na escola, lembro bem, o professor desenhava na lousa a ordem dos planetas.
Primeiro vinha Mercúrio. Por último estava Plutão, gélido e intocável. Plutão já não é mais planeta. Hoje, o apagador retirou o final da sequência. Não é fácil, porém permite-se entender que quase nada é para sempre.
Uma moeda revelou que Marco Antônio e Cleópatra não eram tão belos como Richard Burton e Elizabeth Taylor. Na minha infância, Papai Noel era uma existência com prazo de validade que vencia ao sabor das descobertas de cada um. Quando vi que era ficção, entendi não ser possível um homem de barba branca entrar em algumas casas, sem ser visto, e deixar tantos presentes. Sem contar a casa dos pobres que, por lá, ele nunca passava. Antanho, o átomo era indivisível. A bomba atômica é produto de sua divisão.
Copérnico, incompreendido em seu tempo, afirmou que a Terra era redonda. Com isso, foi possível saber que o mundo dá voltas. Essa, sim, parece uma verdade eterna, em que pese haver alguns que insistem em achatá-la; a Terra, claro, junto com a verdade.
Sem dúvida, vamos desaparecer com algum engano. O que não podemos é nos iludir com” verdades” que não se sustentam por horas e que teimam em se firmar como irrefutáveis; é a triste era da dita pós-verdade, onde o que se acha sobre algo é mais relevante, interessante e conveniente do que realmente o que se é de fato. É certo dizer “menas” ou menos? Sabe-se que “menas” não existe no nosso idioma, entretanto, é presença recorrente na língua de muita gente, inclusive “letrada”. É um cacoete de má formação que não se desgruda de quem definitivamente incorporou “menas” à sua rotina coloquial, uns por deficiência mesmo de oportunidade escolar, a esses compreende-se o uso, mas, aos “sabidos”, a eles deve ser imperdoável. Anos atrás, em uma sala de aula de respeitada Universidade, no curso de Medicina, um professor discorria sobre colesterol e soltou que o colesterol bom tem “menas” gordura, fato que chamou a atenção de um aluno, que, de súbito, fez a observação ao colega ao lad “Menas”?. O professor ouviu a indagação que não foi feita a ele e emendou: “Vixe, muito “menas”. Eis as verdades de cada um, ditas com mais ou “menas” ênfase.