Sim, sei que os tempos mudaram, que estamos na chamada era digital, online todo o tempo e a um clique de realizar nossos desejos. Consumidores vorazes fazem uso constante da Internet em suas compras e eventuais atrasos ou infortúnios são rapidamente esquecidos. Viajantes sovinas em nossa cidade são pródigos gastadores em outras plagas.
Sou antiga. Sempre gostei de comprar em Uberaba, minha cidade, e a não ser por um ou outro item faço uso do comércio e dos serviços locais, o que me coloca como exceção.
Quantas vezes escutamos que aqui, na nossa terra, não tem nada, nada presta, nada serve... Porém, como se desenvolver como cidade sendo boicotada pelos próprios cidadãos? É o que ocorre, agravado agora pela importação contumaz por parte da Prefeitura Municipal de empresas de fora, e até de mão de obra comissionada. Ora, que chance têm os nativos, os que se arriscam para empreender, perdendo dinheiro e noites de sono, diante da apatia e da preferência pelos forasteiros? Que exemplo passa a mandatária da cidade ao seu povo?
Vimos a lambança com a emissão das guias de IPTU, terceirizada por um valor expressivo, a uma empresa de cidade vizinha. Nossa medicina, antes referência regional, hoje come poeira dos centros que evoluíram nos deixando para trás. Saúde mental foi perdendo o protagonismo e hoje encolheu, assim como a gestão das UPAs, sem solução à vista, por inércia e incompetência. Processos ficam emperrados por dias, meses, anos...
Infelizmente, eu, pelo menos, estou perdendo o orgulho de ser uberabense. A cidade está feia, suja, esburacada e sem planejamento. Se ela pudesse falar, com certeza, diria: “esqueceram-me”.
Marcia Moreno Campos
