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“A coisa aqui ’tá preta”

Marco Antônio de Figueiredo
Publicado em 18/08/2014 às 08:42Atualizado em 19/12/2022 às 06:23
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 “A coisa aqui ’tá preta”

Dizem os mais experientes que para ser articulista ou cronista com visão política, tem que ter por princípio desconfiar, sempre, sempre e sempre... .

Mas, como dizia o imortal Professor Guimarães em suas aulas no Colégio Castelo Branc “Escrever é produzir memória”, vamos fazendo um tour pelo mundo da política, nos tornando uma lavanderia em pessoa, esguichando jatos de produtos de honestidade e crítica, afiando nossa língua letal, deixando muitos à beira de um ataque, por costurar a carapuça que servirá em alguns.

Estamos em 2014, ano eleitoral, pois de dois em dois anos temos uma oportunidade para escolher representantes em escalas e patamares diferentes.

Talvez até influenciado pelo que lemos e por tudo aquilo que vemos, ousamos, sem nos dedicarmos às exceções, a falar que “políticos são todos iguais”, muitas vezes igualando homens de caráter a alguns animais do submundo, emporcalhados em corrupção de todas as estirpes.

Como as eleições se aproximam, ao abrirmos os jornais não é raro encontrar nas principais manchetes, escândalos do mundo político, tais como malversação de recursos públicos, assuntos que já estavam “enterrados” na memória de toda a nação, manchetes em letras garrafais anunciando o uso indevido da máquina administrativa e tantas outras mazelas do cotidiano, que impregnam uma sensação de mal estar coletivo, uma “onda de baixo astral”, descrédito e desânimo para escolha daqueles que irão governar nosso Estado e País, nas esferas executiva e legislativa.

É só chegar o ano eleitoral que logo se forma um “clamor moral” e um clima de caça às bruxas, ao comportamento e vida daqueles que resolveram ser candidatos, gerando uma instabilidade social e um confessionário de lamentações, apagando as propostas e projetos de ações políticas públicas sérias, até mesmo daquelas obras já em andamento.

Ninguém pode negar que, motivada por esse tsunami de escândalos divulgados em todos os setores da imprensa, com fotos e gravações comprovando os atos e fatos, existe uma sensação de impotência por parte da sociedade. Algumas vezes a corrupção é tolerada e os cidadãos ficam apenas reclamando em pequenas rodas de amigos, mas aguardando qual será o próximo escândalo que circulará na mídia, para se reunirem aos sábados em um happy hour, ou para comentarem na hora do café, em seus locais de trabalho.

Mas, está muito cedo para analisar com profundidade o movimento político eleitoral de 2014, principalmente com a mudança que acontece após a morte do candidato Eduardo Campos. Assim... O jeito, até se definir toda a situação, é cantar uma velha canção de Chico Buarque de Holanda, que diz: “Meu caro amigo... Aqui na terra tão jogando futebol, tem muito samba, muito choro e rock in roll, uns dias chove, noutros dias bate sol, mas o que eu quero lhe dizer, é que a coisa aqui tá preta... Muita “mutreta” pra levar a situação, que a gente vai levando de teimoso e de pirraça ...” “É pirueta pra cavar o ganha-pão, que a gente vai cavando só de birra, só de sarro”... “Mas o que eu quero lhe dizer, é que a coisa aqui tá preta”.

 

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