Como bem disse Edison Vicentini Barros, “justiça tardia é injustiça! Porém, não se pode esquecer que justiça mal feita também o é! E completa: “Hoje, desembargador, com a experiência adquirida nos tempos idos, sem medo de errar, pode e deve dizer que mais vale uma boa decisão que dez ruins; mais vale uma cirurgia exitosa que a morte do paciente”.
A cada dia que passa mais me decepciono com os fatos e atos jurisdicionais. Como leio os jornais, assim como assisto aos telejornais e documentários, chego à dúvida irrefutável de que vivenciamos uma Justiça injusta ou justa injustiça!
Diante de fatos concretos, sejam eles divulgados pela imprensa ou expressos no silêncio das sentenças decretadas nos processos de comarcas do interior, mais chego à conclusão de que a “nossa mãe” Justiça precisa tirar a venda, abrir os olhos e jogar fora aqueles que a engana, denegrindo os valores e princípios da corporação e dos teus filhos, que verdadeiramente se empenham em fazer a verdadeira JUSTIÇA!
O Prof. Albino Sobrinho disse certa vez que “é sobremodo revoltante ver o que há de mais sublime na vida social do cidadão brasileiro decente, que é o senso de justiça, ser denegrido pelo efeito girassol que influencia certos togados”.
Com mais de sessenta anos bem vividos e mais de trinta e cinco anos de advocacia, sem contar os estágios na Magistratura e Ministério Público, chego hoje à triste conclusão e decepção total com os rumos da busca pela Justiça.
Há poucos dias presenciei um homem desabafar, com lágrimas nos olhos e no coração, sem contar com o tremor ao balbuciar palavras de decepção com o resultado de sua busca pela verdadeira Justiça, ao afirmar que iria buscar através da imprensa, mencionando o jornalista Roberto Cabrini, na esperança de que o Brasil tomasse conhecimento de sua inocência e o desmoronamento da Justiça.
Afirmou que, com raras exceções, quando esteve com um Juiz, era como se estivesse diante de uma arrogância assumida, ou de um ser superior, divino, que não precisava dar satisfação de seus atos naquele ou em outros momentos.
É triste ter que concordar, mesmo tendo nascido em um lar capitaneado por um sublime representante do Ministério Público, além de ter tido como sócios de escritório, durante vários anos, dois grandes promotores de justiça aposentados, ter sido aluno de grandes Juristas como Edson Prata, Ronaldo Cunha Campos, Humberto Theodoro Junior, Jaci de Assis, Augusto Afonso Neto, Homero Vieira de Freitas, Luciano Justiniano, etc., que é visível a decadência da Justiça brasileira. É notória a perda de confiança no Judiciário, pois grande parte dos juízes dá preferência à forma ao conteúdo, deixando de buscar a verdadeira justiça.
Mas, infelizmente, não dá para viver sem esse Poder Constituído, mesmo com alguns magistrados cometendo erros irreparáveis e deixando sérias cicatrizes profundas, nos fazendo concluir que a Justiça é cega, mas tem a espada na mão e ela corta os sonhos, a alma e o direito de viver dignamente.
(*) Marco Antônio de Figueiredo
Advogado e articulista