ARTICULISTAS

A morte moral

“Quantos ‘patrioteiros’ temos no nosso Brasil!”. São pessoas, que se dizem patriotas e ficam gritando palavras de ordem por estarem travestidos de otoridade, mas nada fazem de bom

Marco Antônio de Figueiredo
Publicado em 02/11/2009 às 19:43Atualizado em 20/12/2022 às 09:43
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 “Quantos ‘patrioteiros’ temos no nosso Brasil!”. São pessoas, que se dizem patriotas e ficam gritando palavras de ordem por estarem travestidos de otoridade, mas nada fazem de bom para sua cidade, para seus “entes queridos” e muito menos para o povo.

     São aqueles que pensam somente em si mesmos, muitas vezes viciados na mais letal das drogas conhecidas, que é a droga ideológica sempre transmitida pela “mosca azul”, também conhecida como febre política.

     Na América do Sul encontramos muitos dirigentes já infectados pela “mosca azul”, apresentando sintomas diferenciados de comportamento que, às vezes, se equivalem aos ditadores facínoras, administradores vagabundos e principalmente aos politiqueiros aproveitadores de momentos de crise. Se fôssemos catalogar certamente encontraríamos uma multidão que ninguém seria capaz de contar.

     Todos estes fatos nos comprovam que estamos diante da morte moral em vários seguimentos de nossa sociedade.

     Toda morte nos trás, em primeiro lugar, a inconsolável sensação de perda, principalmente aquela provocada pela corrupção, ao vermos, por exemplo, nas manchetes de todos meios de comunicação, que houve a participação de desembargadores federais, procurador da república e delegados federais com a máfia dos caça-níqueis, nos levando a crer que estamos diante do assassinato de forma estúpida da moral, praticado por homens “incorporados” pela cultura, e togados da possibilidade de se verificar, julgar e corrigir valores como a moral e a ética.

     Nem a morte física deixa tantas marcas de tristeza quanto à morte moral. Na primeira ainda existe a esperança da ressurreição ou da reencarnação, conforme a crença de cada um, mas na morte moral fica patente a falta de sentido da vida, pela queda do caráter, atingindo a condenação máxima, em última instância, no que se refere à morte.

     Infelizmente no Brasil, entra e sai governo e tudo que acontece são promessas de que haverá uma “ressurreição da moralidade”, dentro do vergonhoso ambiente político que está enterrado na cova mais profunda do cemitério das lamentações, onde um dia existia um “jardim do Éden” povoado com aroeiras e cedros da ética e da moral.

     A realidade nua e crua é que o Brasil dos dias atuais se transformou em um grande cassino, onde a “moralidade” fica somente estampada na mídia que muitas vezes defende cegamente a versão oficial de políticos que nada mais fazem que iludir seus eleitores.

(*) advogado e membro do Fórum Permanente dos Articulistas de Uberaba e Região

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