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A PRESSA

Foi no show de Almir Sater que me despertou o comportamento da imensa maioria da população deste sertão

Marco Antônio de Figueiredo
Publicado em 02/11/2015 às 11:44Atualizado em 16/12/2022 às 21:30
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A PRESSA

Foi no show de Almir Sater que me despertou o comportamento da imensa maioria da população deste sertão valoroso do planalto central do Brasil, que é a pressa; não sabendo por que e nem de que, mas todos vivem com pressa...

Em meio à felicidade daquele momento, a letra da música Tocando em Frente mexeu com meus pensamentos, levando-me a refletir ao escutar: “Ando devagar porque já tive pressa e trago este sorriso porque já chorei demais, hoje me sinto mais forte, mais feliz, quem sabe...”.

Dias após o show, pude observar que eu e todos à minha volta, vivemos correndo sem saber ao certo se dará para fazer coisas com a calma que o relógio do tempo nos permite, mas sempre impedidas pela neurose de ter que fazer alguma coisa bem rápida, solidificando a loucura da pressa, sem motivo necessário.

Li no começo do ano uma crônica que falava a respeito do tempo, não só sobre a forma como ele passa para cada um de nós, mas sobre como não permitimos que ele passe, por medo do que virá ou até mesmo por comodidade.Comecei a refletir o quanto a evolução tecnológica influenciou no comportamento daqueles que estão mais próximos, pois conversávamos mais, nos encontrávamos mais e éramos mais acolhedores, mais esperançosos; nossos pensamentos apontavam para um futuro em que a confiança e o respeito seriam como o sol que nos assola: limpo, claro, forte e permanente.

Hoje, as horas são as mesmas, os dias continuam tendo 24 horas, mas vivemos como se estivéssemos em uma corrida de Fórmula 1, fazendo voltas e mais voltas para verificarmos no fim do dia que voltamos ao começo, sem saber explicar onde era o ponto de partida ou se chegamos ao pódio pretendido.

A vida é como um rio, correndo sempre para frente rumo ao oceano, mas encontrando no percurso pedras, penhascos, planícies, mas vai, como se conhecesse a música de Almir Sater, quando diz que pensa que “cumprir a vida seja simplesmente compreender a marcha de ir tocando em frente”.

A pressa dá sinais de que a vida está se esgotando, mas vai seguindo em frente, enquanto o relógio do tempo nos induz a buscar um recomeço inexistente.

Os mais de 60 anos bem vividos, as experiências acumuladas, faz com que saibamos que nada retornará, pois tudo ficará arquivado na biblioteca da vida.

Devemos andar devagar após termos vivenciado a pressa, onde criamos fragmentos dos fragmentos da esperança de encontrarmos a felicidade, quando não, brincarmos de saber distribuir opiniões, ou mesmo buscarmos o desconhecido futuro, imaginando o que o tempo nos reserva.

Sem a pressa de concluir, vamos vivenciando a música de Almir Sater, quando “pensa que cumprir a vida seja simplesmente compreender a marcha e ir tocando em frente, pois cada um de nós compõe a sua história, cada ser em si carrega o dom de ser capaz e ser feliz”.

(*) Marco Antônio de Figueiredo – advogado e articulista

Marcoantonnio.jm@uol.com.br

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