Gostaria de iniciar este artigo falando de futebol, da felicidade e de poesias, mas, me dei conta da frase dita há algum tempo por um “chefão” do governo, onde ele dizia que, “os escritores que se prezam não precisam temer a censura, pois ela deve ser vista como uma coisa sã”. Se olhar por este prisma, também me recuso a ser classificado por imbecis que insistem em lutar pela permanência da mordaça e do silêncio imposto pela baioneta ou pela metralhadora cheia de balas do tipo “bolsas misérias”, maleiros e “porta-cuecas” recheadas de reais e dólares. Não dá para negar que existe algo pegajoso circulando lá pelas bandas do “país brasiliense”, além dos “trombadinhas,” das tapinhas nas costas, dos bajuladores e das “Marias Topa-tudo Pela Fama”. Algo pegajoso, omisso e fascista. As notícias vindas do Senado demonstram que, hoje no Brasil existe uma quase liberdade de expressão, uma “pseudoliberdade”, parcialmente consentida. Os jornais procuram fazer investigação séria, mas quando chega a hora da denúncia, surge a “relativa e proporcional independência para publicá-las”. A pressão aparece pelas mais variadas e violentas formas ditatoriais. Uns por meio da pressão política, outros por cortar verbas e patrocínios ou mesmo redução nas facilidades de mordomias. A população sabe, pelo menos por alto, sobre as denúncias de corrupção nos governos das mais diferentes esferas, que mesmo provadas, não deram - pelo menos até agora - em nada. Devido a este jogo de interesses, com milhares de denúncias nos últimos cinco anos, o presidente Lula continua firme e forte politicamente, mesmo não vendo nada, não ouvindo nada e não sabendo de nada, ainda que alguns de seus ministros ou ex-ministros tenham confessado em rede nacional de rádio e televisão... Hoje sabemos que, Collor - de santo também não tem nada - não teria caído se não tivesse contrariado meia dúzia de senadores e deputados que, continuam vivendo em seus palácios sustentados com os suados pagamentos de impostos e taxas enfiadas goela abaixo de nós brasileiros. O que vimos nos principais jornais nas últimas semanas, pelo menos o que a censura permitiu, foi deprimente. Aquelas “raposas-velhas” fazendo acusações mútuas, usando a tribuna do Senado para proferir termos chulos e expressões dignas de qualquer “Carandiru” ou outro presídio de quinta categoria, é de entristecer qualquer pessoa medianamente racional. Não bastassem todas as roupas sujas, a comprovação de que os senadores estão num lamaçal, seja em suas vidas políticas ou particulares, veio a imposição do Poder Legislativo sobre o Judiciário determinando a mordaça sobre a imprensa escrita, proibindo o “Estadão” de revelar, mais “um cômodo do chiqueiro” político nacional. Ninguém pode negar o surgimento de uma ameaça fascista, de controle da mídia. Parece que o aprendiz de ditador tupiniquim quer imitar o “semiditador” e golpista venezuelano, Hugo Chaves, impondo controle social da mídia, que tem como função principal punir aqueles que criticam o governo e seus comparsas. Todos os maus governantes, sejam aqueles que não sabem administrar, sejam os corruptos em geral, sempre culpam a imprensa por sua incapacidade administrativa. Se não acusarem e acuarem a imprensa, como continuarão corrompendo e aplicando seus golpes? Afinal, entre a auto-censura e a censura, a última paga melhor. Em entrevista ao Jornal O Globo, o advogado especialista em Direito Constitucional, Dalmo de Abreu Dallari, defende a extinção do Senado, com a adoção do sistema unicameral, por meio de plebiscito. Não seria uma solução? Marco Antônio de Figueiredo advogado e membro do Fórum Permanente dos Articulistas de Uberaba e Região - marcoantonio.jm@uol.com.br