Existe uma linha muito tênue entre a autoconfiança e a arrogância pairando no ar, por estes rincões do Sertão da Farinha Podre, nestes dias que antecedem as eleições municipais.
Ao acompanhar e observar com mais cuidado o que circula nas redes sociais, sobressai o fundo escuro da política mais ou menos generalizada, se contrapondo, de forma sempre mais viva e nítida, postagens contendo nas entrelinhas, ou mesmo de forma direta, dos mais auspiciosos "refúgios" do descaso com a moralidade e respeito como adversário.
Certo dia, em um grupo de WhatsApp tive o desprazer de deparar com um suposto pré-candidato extremamente arrogante, não fazendo questão de esconder sua característica, assim como a inquestionável falta de humildade.
Quis ele demonstrar autoconfiança, um “sabe tudo” em matéria política e trato com eleitores, aquele que é o maior e mais bem-sucedido, como empresário, abastado de conhecimento e poder, ou seja, uma pessoa superior aos outros.
No entanto, o que se pode sentir, de forma unânime no grupo, é que não passava de um indivíduo extremamente orgulhoso, altamente soberbo, prepotente, que não ouve ninguém, que se julga dono absoluto da verdade, arrogante, individualista, egocêntrico e mal-educado.
Todos deveriam saber, mas principalmente aqueles que têm a coragem de colocar seus nomes para julgamento popular através das urnas, que a autoconfiança não é egocentrismo, arrogância, superioridade e muito menos orgulho excessivo. A autoconfiança é gostar de si mesmo, olhando no próprio espelho físico e psicológico o reflexo de uma imagem sadia, protegida e com fortes bases de educação e respeito.
Todos nós sabemos que nos dias atuais inúmeros fatores, como a pandemia, indecisões quanto às datas em que serão realizadas as eleições, quarentena, guerras virtuais entre radicais politiqueiros, dificultam encontrar o peso correto e o ponto exato da linha tênue entre a autoconfiança e arrogância.
Procuramos entender que a correria do dia a dia, o imediatismo e a pressão para responder aos questionamentos dos adversários e dos supostos futuros eleitores podem trazer insegurança.
Mas é imprescindível àqueles que irão governar nossa cidade uma real postura autoconfiante; transmitir segurança e sensatez em suas respostas e decisões; expressar com tranquilidade; demonstrar que sabe enfrentar desafios e que está preparado para assumir responsabilidades.
Ainda dá tempo para redimir e colocar o “trem” na linha... nunca esquecendo que as pessoas escolhem um candidato pela impressão da sua imagem, seu comportamento, sua forma de se relacionar, e que seu lado racional vai justificar essa escolha, assim como apresentar suas propostas ou argumentos políticos.
Marco Antônio de Figueiredo
Advogado e articulista