Câmara, um Parlamento ou “Pra-Lamento”?
Lendo a Coluna Alternativa do JM, assinada pela Jornalista Lídia Prata, publicada nos dias 22 e 23 de agosto, os tópicos denominados “FAVELÃO À VISTA” e “FAVELÃO, NÃO!”, chamou atenção o fato de ter sido somente o SINDUSCON, onde encontramos vários financiadores de campanhas políticas, sendo o “porta-voz” na Coluna seu presidente e ex-presidente do CODAU e parceiro de “primeira ordem” do ex-prefeito, que se condoeu e tentou justificar.
Para mim, respeitando opiniões contrárias, aquela explicação dada pelo dirigente sindical e amigo do ex-prefeito, deixa no ar a dúvida quanto a ser uma “birrinha” política e “demonstração de poder” sobre os vereadores, a derrubada dos vetos do executivo, que lembraremos, futuramente, como aquela legislatura que transformou Uberaba na “Capital Favelada” do Sertão da Farinha Podre.
Infelizmente, houve unanimidade na votação, quando muitos uberabenses se decepcionaram com alguns vereadores que sempre defendem suas propostas, procurando dissecar o assunto, pesquisando, estudando, buscando a vontade popular e os interesses dos eleitores.
Quero crer que os atuais vereadores estão indignados pela explicação dada pelo leal companheiro do ex-prefeito, estando com o orgulho próprio ferido, mesmo com tudo tendo sido decidido em uma cozinha ou no banheiro do plenário, quanto à unanimidade dos mais heterogêneos segmentos partidários, só pela vaidade de se brindar, sabe-se lá com quem, uma vitória “de cabo a rabo”, uma goleada à inglesa, do poder e força contra o “prefeito”.
Após ler a coluna da Jornalista Lídia Prata, sábado, lamento que a Casa Legislativa tenha se rendido à pressão do poder econômico e não tenha absorvido o interesse público nos vetos apresentados.
Os nobres edis não perceberam a oportunidade de exercerem da forma mais transparente e ampla suas prerrogativas de legisladores ante as divergências havidas, evitando tornar, num futuro próximo, nossa cidade em um “favelão” sem precedentes, mesmo depois de “desdobrarem em estudos feitos por sua competente estrutura, composta de técnicos do mais alto gabarito”, plantando a perda, em breve, do nosso DI3, com a transformação em área urbana e não de expansão urbana as suas proximidades e condomínios ali já existentes.
Só mesmo interesses diversos do amor a esta terra, justificam tamanha insensatez! Imaginem que tornando aquela área em perímetro urbano e não adaptando o condomínio ali existente em agrovila, cria-se um incentivo à especulação imobiliária, surgindo vários loteamentos, milhares de casas pelo Programa Minha Casa Minha Vida, construções em mutirão, transformando em pouco tempo em um distrito e município? E o DI3... a qual município pertencerá?
Quanto aos terrenos de 200 m², as explicações comprovam que, sem nenhum interesse pessoal, foram os empresários que fizeram as emendas e convenceram os atuais vereadores a aprovarem a futura favela “Sucata Triangulina”.
Fico a me perguntar após este ato infantil e dúbio quanto aos interesses sociais, se temos um Parlamento ou um “Pra-lamento”? Da forma que está, em breve, nossa “Casa de Leis” será conhecida como “Cala-mento”, seus membros serão os “Pares-lamento” e as decisões só servirão “Pra-lamentar”.