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Canalhices Políticas

Relendo Comédias da Vida Pública, de Luiz Fernando Veríssimo, edição de 1996, várias crônicas e artigos

Marco Antônio de Figueiredo
Publicado em 06/11/2019 às 21:56Atualizado em 18/12/2022 às 01:45
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Relendo Comédias da Vida Pública, de Luiz Fernando Veríssimo, edição de 1996, várias crônicas e artigos me fizeram chegar à conclusão de que pouca coisa mudou na política brasileira.

Assim como no poema de Lara Lemos, também sei que sempre procuramos estar do lado claro do mundo, aquele lado limpo, correto, buscando a realidade em nossos sonhos de algum paraíso igualitário, sem topografia ou geografia.

Mas... não tem como fugir dos presságios e nenhuma candura existiu nestes últimos 16 anos de corrupção desenfreada, com o aumento da hipocrisia generalizada.

Já dizia Geraldo José de Almendra: “O político é o mais esperto dos animais, e é o único dentre eles que se comporta como patife por instinto de preservação, de status social, sobrevivência material, substituindo valores morais, dignidade e honra pelas piores canalhices, custe o que custar”.

Ninguém pode negar que a ética é uma luta constante contra a canalhice e a falta de ética ainda está virilizada no âmbito político nacional, corroendo as instituições.

No entanto, também estamos assistindo a uma transformação da sociedade brasileira, que parece mais consciente da necessidade de buscar soluções, do que procurar repetir iniciativas canalhas e aceitar tudo sem contestar ou questionar.

Em qualquer sociedade minimamente civilizada, onde a Justiça realmente se faz presente, os “canalhas” que ocupam lugar de destaque na política e em outros poderes institucionais no país já estariam presos pelas condições sociais impostas, por serem praticantes da construção de absurdas riquezas, preservação do poder, suas ambições e desonestidades.

O poder dos arquivos vivos daqueles “canalhas políticos” ainda permanece, em grande parte, no Congresso Nacional e, se puxarmos um fio da malha corrupta, muitos outros surgirão, além daqueles que foram ou são investigados pela “Lava Jato”.

Mas nada disso quer dizer que eu vá amar ou deixar de amar, me orgulhar ou não me orgulhar de ser brasileiro, devido a essa política desumana incorpórea, que, com raríssimas exceções, não passa de um covil de muitas serpentes, animais peçonhentos, antro de canalhas sanguessugas, também conhecida como política brasileira. 

(*) Advogado e articulista, Pós-graduado em Ciências Políticas pela UFSC

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