Em um final de tarde como tantos outros, reunido com os amigos Marco e “Furão”, programando um churrasco...
Em um final de tarde como tantos outros, reunido com os amigos Marco e “Furão”, programando um churrasco, conversamos sobre vários assuntos, mas um me chamou a atenção, quando, ao narrar alguns fatos, nosso amigo “Furão” definiu as ações ali expostas como sendo atos praticados por “covardes sem face”, fazendo com que surgissem turbilhões de imagens em minha mente.
A afirmativa feita naquele “bate-papo” fez com que me inspirasse a refletir durante toda esta madrugada sobre como é cômodo para os salteadores da honra alheia vomitar seus informes pérfidos e ignominiosos, de maneira atrevida, absolutamente seguros da impunidade, suas denúncias anônimas e seus escritos apócrifos, uma injusta, absurda e inverídica acusação, por mero capricho, ódio, vingança ou qualquer outro sentimento subalterno. Fixei o olhar no horizonte e lembrei-me de uma frase que li certa vez que dizia: os covardes se escondem atrás de suas palavras, não se importam com os sentimentos de quem irão machucar. Seus olhos estão cegados por suas fúrias.
Deitei na rede da varanda e continuei refletindo o quanto temos por perto esse tipo de adversário, que se posta de falso amigo, que age com sabedoria demoníaca, usando sempre da intriga, pois esta arma, além de mortal, não exige esforço.
O covarde sem face usa as palavras de forma caluniosa, mesclada com o veneno da maldade, destruindo, na maioria das vezes, anos e anos de dedicação.
Frequentemente, todos nós somos vítimas desta armadilha, usada sem deixar rastro para nunca sabermos de onde pode surgir o “golpe”.
A covardia sem face não permite o direito de defesa e, na maioria das vezes, condena sem julgamento, tendo a vítima que aguentar as punições imerecidas, pela aplicação da famosa “cama de gato”.
O falso amigo, o adversário anônimo, o covarde sem face, é sempre manipulador, despejando suas patologias da alma através de seu veneno da inveja e da vingança, e sobre quem é vencedor ao seu redor.
Muitos homens bons e honestos da história pagaram um preço alto por seguir sua lenda pessoal e ajudar o próximo.
Os covardes sem face, através da intriga, muitas vezes conseguiram calar a boca destes grandes ídolos da humanidade, mas nunca conseguiram calar suas obras, como, por exemplo, Sócrates, que foi obrigado a tomar cicuta; Dostoievsky, que foi preso e quase condenado à morte; Charles Chaplin, que foi chamado de moralmente e mentalmente fraco. Gandhi, que foi assassinado por pregar a paz.
O anonimato é a mais infame e letal arma que os covardes usam, sem dó nem escrúpulos, e é contra ele que devemos nos acautelar, porque normalmente vem das pessoas mais próximas, participantes de nossa intimidade, conhecedores de nossas vulnerabilidades.
No mundo de hoje, todos nós estamos sujeitos a ver o que foi construído ao longo da vida, virar cinzas por força de uma mentira bem urdida ou de uma verdade destorcida através de uma denúncia anônima, feita por covarde sem face.
Marco Antônio de Figueiredo
Articulista e advogado