ARTICULISTAS

Democracia à moda tupiniquim

25 de Outubro é o dia da Democracia. O que temos a comemorar? A continuidade da lei da mordaça contra os órgãos

Marco Antônio de Figueiredo
Publicado em 25/10/2010 às 01:08Atualizado em 20/12/2022 às 03:35
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25 de Outubro é o dia da Democracia. O que temos a comemorar? A continuidade da lei da mordaça contra os órgãos de imprensa? As bandeiras vermelhas de invasores de terras? O relacionamento estreito e carinhoso de nossas autoridades com o “democrático” Irã, ou com nossos vizinhos, países que a cada dia impõem pela força militar suas formas de governar?

Por estas e outras razões que pouco se fala ou comemora esta data tão importante. Não se lê, em nenhum jornal ou qualquer outro meio de comunicação de massa, a convocação da sociedade para participar de uma “audiência pública”, para debater o Dia da Democracia. Talvez seja porque a democracia está morta ou ela nunca existiu verdadeiramente nesta terra descoberta por Cabral.  

Quantos neste Brasil varonil e sem igual sabem o que é democracia? Para alguns estudantes a resposta aparece decorada com aquele som de quem leu em alguma apostila que hoje se encontra empoeirada na biblioteca da escola, afirmando que democracia é o Governo do Povo. É a soberania popular. Para completar o “gênio estudantil” arremata afirmando que na democracia, o poder é distribuído igualmente, esquecendo-se que no Brasil, o poder é dividido em três, sendo o Executivo, Legislativo e Judiciário, que vivem disputando quem manda mais.

Mas podemos reclamar? Claro que não! Se ousarmos a falar o que pensamos e queremos, certamente seríamos excluídos do convívio social desta “democracia – latino – cubana - americanizada”.

Dá para imaginar um jovem de 18 anos gritar contra o “democrático” ato de ser convocado e obrigado a “servir” as fileiras do Exército?

Nossa democracia é tão “ditatorialmente” controlada que até para escolhermos, os já escolhidos previamente representantes, de dois dos Poderes, através do voto somos obrigados a exercer este tão nobre ato, sob pena de sermos punidos pelo chamado terceiro Poder, também conhecido como Judiciário.

Assim, só nos resta questionar esta tal de democracia que exige restrição da liberdade; onde ser mesário e escolher os seus representantes através do voto é obrigatório, sob pena de ser castigado pelas leis “democráticas eleitorais”.

É antidemocrático ser obrigado a fazer coisas que ferem a Constituição e a tal liberdade, tão falada e decantada pelos quatro cantos deste País que se orgulha de estar deitado eternamente em berço esplêndido.

Como bem disse o articulista Daniel Duende Carvalho, no site olhar feérico, “se quisermos ter um dia uma Democracia, não é este ou aquele governante que vai resolver o problema. Vamos precisar de outra concepção de Estado, quem sabe de outro conceito e delimitação de País… quando olho para a política brasileira, fica óbvio que nosso destino sempre foi e sempre será a Ditadura, seja ela do poder econômico ou da força das armas (que é sempre empunhada também pelo poder econômico). Manda quem pode, obedece quem tem juízo, dá pitaco quem tem voz…”.

Em resumo, como bom mineiro que sou não tenho mais fé alguma nesta democracia à moda tupiniquim e “quem sabe um dia aprenda a governar, e alcance também este sagrado direito, livre das ilusões que me foram inculcadas por 2000 anos de absoluta estupidez”.

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