ARTICULISTAS

Fantasia das Palavras

Marco Antônio de Figueiredo
Publicado em 21/05/2021 às 07:49Atualizado em 19/12/2022 às 03:38
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Acordei intrigado e a pensar por que a grande maioria das pessoas “enxerga” apenas com os olhos, esquecendo-se que temos uma infinidade de recursos para admirarmos e administrarmos a realidade?

Acredito que podemos fazer nossa vontade mergulhar em águas mais profundas, alçar voos mais altos, com pensamentos e buscas além das direções dos ventos ou das chuvas.

É esta alquimia mágica que nos desafia, convidando-nos a atingir o inatingível, a navegar em um não-lugar na imensidão de variações infinitas, até atingirmos o alvo.

É como voar sem asas, submergir nas profundezas do mar respirando sem afogar, ir de encontro a um absurdo onde nossa consciência jamais poderia alcançar, superando o insuperável...

Paro para refletir por alguns instantes, pois cheguei àquele ponto em que o abismo se coloca entre o real e o imaginário, provocando imagens criadas através da fantasia das palavras, enamorando a poesia da sedutora da noite...

Diante deste quadro, é melhor evitar até o esforço de respirar, para não ser tragado pelo som do silêncio da madrugada.

Pego uma taça de vinho e fixo o olhar no vazio em busca de algo que me inspire a escrever, fato que se torna impossível diante do surgir de imagens distorcidas de pessoas “pseudo” intelectuais...

Tomo um pouco de vinho e fico a pensar que ser normal nos dias atuais é cansativo e destoante das mudanças sociais. É necessário um pouco de fantasia nas palavras, gestos e na convivência do dia a dia.

A realidade que nos cerca é incompreensível como um todo, portanto, muitas vezes, inalcançável, enquanto a fantasia nos auxilia a suportar a realidade, fornecendo instrumentos para alcançar coisas que só se tornam concretas através da ficção.

A fantasia é a faculdade humana de reproduzir, através de imagens mentais, coisas passadas ou do cotidiano que não pertencem ao âmbito da realidade.

Vou deixar a fantasia das palavras se tornarem real, tendo a certeza de que não se vive apenas pelo real, pois a realidade é insuficiente.

Como muito bem disse Charles Kiefer: “Não sabemos porque estamos aqui, ou se viver aqui neste minúsculo planeta faz algum sentido. O que sabemos, e o que já demonstramos tantas vezes, é que com nosso engenho e arte somos capazes de transformar as adversidades em vitórias, a feiura em beleza, o pântano em campo verdejante”.

Marco Antônio de Figueiredo - Articulista e Advogado - marcoantonio.jm@uol.com.br

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