ARTICULISTAS

Gravado para eternidade

Marco Antônio de Figueiredo
Publicado em 09/12/2013 às 12:18Atualizado em 17/12/2022 às 09:42
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Sexta feira, 20 horas. O coração em ritmo acelerado. Pessoas entrando no Cine Teatro Vera Cruz e se identificando. Renato Firmino em traje elegante recepcionava a todos que até ele conseguiam chegar e depois se acomodavam naquelas desconfortáveis poltronas do tempo de “Pedro Álvares Cabral”.

No bolso do paletó, atendendo ao pedido do organizador para ser orador, algumas palavras de agradecimento que não levariam mais do que dois minutos.

Meus irmãos de sangue, Márcia e José Guilherme, estavam presentes, assim como aquele que também considero irmão, Wagner do Nascimento Junior, que fez questão de levar seu abraço.

O ambiente era mesclado de felicidade, agradecimento, saudade e um orgulho saudável por ver os nomes de nossos entes queridos eternizados em Uberaba, confirmados pelo Prefeito Paulo Piau, de que nossa cidade também se sentia honrada por ter entre seus cidadãos, todos aqueles que naquela noite, emprestavam seus nomes para ruas, avenidas, praças, rotatórias, anel

viário, etc.

Antes de começar, o recinto já estava lotado. A felicidade e a emoção saltavam aos olhos, mas... Algo inesperado fez apertar o coração. O que poderia atrapalhar um momento tão sublime dedicado aos nossos entes queridos, ao ponto de desistir das palavras de agradecimento?

Vendo aquelas fotos projetadas no telão ao fundo do palco me deu a sensação de que todos os homenageados ali estavam. Fechava meus olhos e surgia meu pai diante de mim, nítido e perfeito, como sempre o via. Havia um sorriso leve em seus lábios, enchendo de saudade... Pairava uma áurea daqueles que hoje nos esperam na presença de Deus.

Mesmo com a falta total de noção, de educação e ética, por parte de algumas autoridades, as duzentas e sessenta famílias certamente se sentiram honradas e agradecidas à cidade de Uberaba, através do Prefeito Paulo Piau, da Câmara de Vereadores, comprovando que quem faz a história de uma cidade são as pessoas de bem, assim como o que fica gravado para a eternidade não é a vontade de alguns, mas o que aconteceu no passado, escrito por alguém que dedicou sua vida sabendo que tinha direitos a zelar e deveres a cumprir.

Nossos entes queridos já fizeram sua história, cabe a nós agora fazer a nossa, caminhando com o que aprendemos com eles, sabendo que o mundo lá fora exige produtividade e imediatismo, mas nosso corpo e alma pedem menos.

Devemos aprender que chega de viver com a ansiedade no colo e o celular na mão, deixando que os compromissos tomem o lugar do coração. Que não adianta tirar alguns dias de descanso e levar uma enorme culpa dentro da mala. Que a resposta para nossos comportamentos não está em livros, mas dentro de cada um, como nos ensina Fernanda Melo.

Enfim, a homenagem prestada aos nossos familiares nos fez lembrar William Shakespeare quando afirmou que com o tempo aprendemos que somos forte e que podemos ir muito mais longe, depois de pensar que não aguentamos mais, e que a vida tem valor assim como temos valor diante da vida.

Marco Antônio de Figueiredo

Articulista e Advogado

Pós-Graduado em Ciências

Políticas pela UFSC

marcoantonio.jm@uol.com.br     

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