ARTICULISTAS

Manipulação do Discurso Político

Marco Antônio de Figueiredo
Publicado em 23/10/2025 às 19:50
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A televisão ainda é uma das principais fontes de informação política para nós, brasileiros, especialmente em regiões onde o acesso à educação e à leitura é limitado.

No entanto, seu papel na formação do pensamento político é ambíguo, pois se por um lado ela tem o poder de democratizar o acesso à informação, por outro, frequentemente, atua como veículo de manipulação ideológica, favorecendo determinados interesses políticos e econômicos.

Programas jornalísticos e comentaristas políticos apresentam opiniões como fatos, simplificam temas complexos e estimulam reações emocionais ao invés da reflexão crítica. O que mais se vê é o espectador induzido a aderir a narrativas que confirmam seus preconceitos, sem acesso a outras visões de mundo.

Essa construção enviesada do discurso político contribui para a radicalização, o fanatismo e o esvaziamento do debate público, como em nossos dias, nesta terra tupiniquim.

Por outro lado, a leitura, especialmente de obras de ciência política, sociologia, história e filosofia, oferece ao cidadão as ferramentas necessárias para compreender a política em sua complexidade.

Um leitor assíduo certamente conhece os conceitos de Estado, poder, democracia, direitos civis e estrutura econômica, entendendo o funcionamento das instituições e a importância da participação cidadã.

A biblioteca, nesse contexto, não é apenas um acervo de livros, mas um símbolo da busca por entendimento profundo e plural.

Quem lê desenvolve a capacidade de analisar discursos políticos com base em dados, teoria e contexto histórico, evitando cair em armadilhas retóricas ou desinformação. A leitura promove autonomia intelectual, fundamental para o exercício da cidadania ativa e crítica.

O esvaziamento do debate político e a impossibilidade do diálogo expressam a frustração comum de quem tenta debater política com indivíduos que não possuem repertório teórico, prático ou histórico, mas apenas repetem o que ouviram em programas de televisão ou vídeos de redes sociais.

Nesses casos, o debate não é produtivo, pois não há troca real de ideias, mas apenas a reafirmação de crenças previamente absorvidas.

Discutir política com alguém que não lê, não pesquisa e não questiona suas próprias convicções é como dialogar com um espelho quebrado. O debate político saudável exige argumentos, escuta, evidências e disposição para aprender — qualidades raramente cultivadas por quem consome política apenas pela TV.

“Nunca discuta com alguém cuja TV seja uma fonte de conhecimento maior que sua biblioteca”, é mais do que evitar discussões improdutivas, fazendo-nos lembrar da importância de uma educação política sólida e da valorização do saber profundo, para ser possível construir uma democracia madura, tolerante e participativa.

 Marco Antônio de Figueiredo

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