Acredito que sábio é aquele que, em silêncio, desenvolve um estado mental que o ensina a ser prudente e coerente com o que vai dizer.
Meu silêncio tem uma razão de ser, pois sei que quanto mais penso, menos vou falar, e falar significa pensar menos.
Tenho procurado aprender a saber me calar quando for a hora de dizer, evitando interpretações errôneas, chegando à conclusão de que este meu silêncio pode ser até ausência de sons, mas nunca de sentimentos ou concordância.
Diz um velho ditado popular que a palavra pode valer prata, mas o silêncio, com toda certeza, vale ouro e foi por isso que Deus nos deu dois ouvidos e uma só boca, para que possamos ouvir mais e falar menos.
Lendo, certa vez, Rabi Nachman, uma afirmativa veio de encontro a esta reflexão, quando disse que “na juventude aprende-se a falar. Na velhice, a calar. Este é o grande defeito do homem: ele aprende a falar antes de saber calar...”
Para um bom entendedor, o silêncio é como um pingo e um pingo, muitas vezes, pode significar uma letra ou ainda um livro inteiro. Meu silêncio não é ponto final, mas uma vírgula.
Esse calar, pode acreditar, é, antes de qualquer coisa, estar presente aos fatos e atos do cotidiano, observando e absorvendo o que acontece.
“Saber ouvir é um raro dom, reconheçamos. Mas saber calar, mais raro ainda”. (Carlos Drummond de Andrade).
Se me calo, ouço e fico atento ao barulho do silêncio e dos acontecimentos, deixando claro que não fui embora, que meus olhos falam, que meu corpo e alma é todo observação e pontualidade e todos os meus movimentos têm palavras muitas vezes expressas.
Busquei esse silêncio, mas não estou distante, e enxergo sem miopia, mas com a alma e garra.
Meu silêncio decidido enxerga as possibilidades, sem indiferença, transformando todas as minhas energias em busca de soluções e coragem.
Sei que muitos não gostariam de saber a profundidade de meu silêncio, pois ele é um vulcão em erupção conforme as ocasiões.
Meu silêncio é como um pulmão a respirar livre do medo, da ansiedade, da paixão, em busca de respostas. Meu silêncio não é ponto final, mas uma vírgula e até mesmo reticências...
“O silêncio e a tolerância são o vinho dos fortes, a reação impulsiva é a embriaguez dos fracos. O silêncio e a tolerância são as armas de quem pensa, a reação instintiva é a arma de quem não pensa”. (O Poder do Silêncio - Augusto Cury, em “Código da Inteligência”).
Marco Antônio de Figueiredo - Articulista do Jornal da Manhã - marcoantonio.jm@uol.com.br