Silêncio por todos os lados. É madrugada de domingo. Daqui a pouco começam as eleições...
Silêncio por todos os lados. É madrugada de domingo. Daqui a pouco começam as eleições para Prefeito e Vereadores. O silêncio chega a incomodar. Olho para o relógio e vejo que são 3h20.
Fecho os olhos e percebo que basta um momento de silêncio para ouvir os sons internos da mente, refletindo em meus próprios conselhos.
Sinto o silêncio preceder o decolar dos sonhos, o intervalo entre as palavras e o repicar entre as melodias que acalentam a alma.
Vivo por instantes o silêncio que tranquiliza invadindo a alma, o silêncio que perdoa e apoia e que também sabe desprezar.
Minha alma é invadida, neste momento, por aquele silêncio que acolhe, mas que às vezes não sabe esperar; um silêncio que a cada segundo de reflexão vai aprofundando na consciência algo que quero aprender, mesmo sem falar.
Sinto um silêncio nostálgico, semelhante ao som de um violino exalando melodias que não ouvimos, mas simplesmente escutamos.
Uma moto passa na rua quebrando minha meditação. Tento conservar meus pensamentos na busca do paraíso do silêncio, acreditando ainda ser possível, mas chego à conclusão de que não vou conseguir, trazendo para o presente a incerteza do talvez, e a desilusão de um quase que me incomoda, entristece, afastando tudo que poderia ter sido, mas não foi.
Fechei os olhos novamente e me veio à mente um poema de Lara de Lemos, que fala em estar do lado claro do mundo, lado este que não tem geografia, onde o silêncio e as sombras muitas vezes cobrem todo o planeta, fora da consciência.
Fico pensando que o outro lado, talvez seja cinzento e persiga a todos nós no dia a dia, nos levando a escolher uma vida morna. Mas por quê?
Para alguns a resposta sai instantânea como se estivesse na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença de dar um “Bom Dia” ou na falta de coragem para ser feliz, selando o silêncio sepulcral do acaso.
Deito na rede ao lado da piscina e reflito que se caso a virtude, a lealdade e garra estivessem no mesmo patamar de todas as ações humanas, certamente, o mar teria somente ondas e nunca ressacas, os dias seriam cobertos de sol e chuva, nunca seriam nublados e o arco-íris seria visto todas as manhãs.
Penso que a resposta correta é de que para o erro existe o perdão; para o fracasso, uma nova chance; para o sucesso, o esforço e a perseverança.
Que basta um momento de silêncio para aprender que o mundo não é feito apenas de razões lógicas, há algo muito além do que podemos imaginar.
Basta um minuto de silêncio para refletir que não precisamos de muito, pois dentro de nós estão as respostas para as dúvidas e anseios, encontrando a essência do que está tão perto de nós mesmos.
“A verdadeira inteligência trabalha em silêncio. É no silêncio em que a criatividade e a solução de problemas se encontram.” Eckhart Tolle
(*) Advogado e articulista do JM