Eram seis horas da manhã, apreciando o belíssimo amanhecer, à beira do rio Grande, em Miguelópolis, no rancho de “meu sócio”, Luís Fernando, ouvindo ao fundo uma música interpretada por “Falcão”, do Grupo Rappa, cuja letra me fez refletir...
Pensando sobre os dias atuais, vivenciei dentro do imaginário, vendo e enxergando dentro do contexto da música quando diz que: “felizes, de uma maneira geral, pois estamos vivos, agora brilhando como um cristal”... “somos luzes que faíscam no caos e vozes abrindo um grande canal”;
Neste turbilhão de fatos dentro de um contexto, fatos estes desconexos após o miolo do furacão da pandemia, o desespero de alguns em busca da “vacina”, encontro outros que se escondem para não serem cobaias desse experimento científico, nem mesmo garantido pelos laboratórios que o produzem.
Uma multidão urrava um “fica em casa” que, quanto à economia, dizia “depois veremos o que fazer”, e, agora, critica e desespera motivada pela galopante inflação, falta de alimentos pelo mundo afora, aumento de mortes súbitas e outras consequências que nos assolam.
Sempre me preocupei com o início do pós-pandemia e as consequências psicológicas do terror que foi enfiado “goela abaixo” em todos os lares, pelos meios de comunicação, afetando a todos, de “mamando a caducando”.
“Nós estamos na linha do tiro, caçando os dias em horas vazias, vizinhos do cão...”
Apesar de tudo, continuamos sempre rindo e cantando, nunca em vão, como uma doce família, que tem a mania de achar alegria, motivo e razão para viver, ... aí que “tá” a mágica... aqui e agora no ar que rodeia, no som que nos cerca, no olho que vê e não consegue tocar. Aí que “tá” o segredo, que pulsa no peito, que sente e não julga, que tira do sério e acende a cidade e não dá pra explicar... Descobrir o que liberta o sol, que faz buraco furação do escuro, escuro, escura”.
Por instantes, subiu-me um calafrio vislumbrando os primeiros raios de sol enquanto a doce sombra da morena noite se despedia. Peguei-me repetindo o refrão, cantarolando que devemos “esquecer ao menos uma noite, o medo, o mal real que nos insegura, pois nós estamos na linha do tiro, caçando os dias em horas vazias, como vizinhos do cão, mas sempre rindo e cantando, nunca em vão... Aí que ’tá a mágica, meu irmão”.
Assim, “vamos batendo de frente com o bicho feroz, ao nosso redor, pensando que tudo pode ser melhor, pois, de uma maneira geral, estamos vivos, brilhando como um cristal, somos luzes que faíscam no caos e vozes abrindo um grande canal”.
Marco Antônio de Figueiredo
Articulista do Jornal da Manhã
marcoantonio.jm@uol.com.br