Cazuza era um profeta dos fatos políticos e sociais do Brasil. Se analisarmos as letras poéticas de suas composições musicais e trouxermos para os acontecimentos atuais, chegaremos à conclusão de que o Brasil tem que mostrar a sua cara, “porque o tempo não para”!
Não precisa ser analista, psicólogo ou psiquiatra para diagnosticar que os olhares incrédulos da maioria dos brasileiros estão cansados e “de correr na direção contrária, sem podium de chegada”, sentindo que seu “partido é um coração partido e as ilusões estão todas perdidas”, porque “os sonhos foram todos vendidos tão barato” que nem dá para acreditar.
Realmente, “o tempo não para! Eu vejo um futuro repetir o passado; eu vejo um museu de grandes novidades”.
Se puder, pare por um instante e analise os acontecimentos políticos e sociais. O que se pode encontrar de mais constante nos noticiários e nas consequências das atitudes tomadas por nossos governantes em nossas vidas? Certamente chegará à conclusão de que nada mudou além da evolução tecnológica, do comodismo e da preguiça.
“Chacrinha” já dizia que “neste mundo nada se cria, tudo se copia”. Até parece que ele estava enxergando os discursos e promessas de campanhas políticas, de candidatos possuídos de imensurável candura e capacidade governamental, capaz de resolver qualquer dificuldade, independente dos poderes da “lâmpada mágica de Aladim ou de Ali Babá”, acionada, muitas vezes, de forma escancarada, nas gavetas, meias, cuecas ou malas dos componentes do Poder!
Tudo se repete no comportamento político brasileiro. O modus operandi está impregnado nas colunas palacianas, desde o Brasil Império, onde tudo era intenso, “a avidez pelo dinheiro, outorga de comendas, títulos de nobreza, chantagens, disputas na política, rombos no caixa, conflitos e tantas outras coisas”.
O que mudou? A outorga indiscriminada de honrarias e títulos? As chantagens e os rombos no tesouro nacional? A avidez pelo dinheiro e a continuidade no poder? Não! nada mudou! Nas águas e mágoas palacianas, as piscinas estão cheias de ratos e as ideias não correspondem aos fatos e muito menos às necessidades da população.
Mas eu sou brasileiro e, como dizia Cazuza, “disparo contra o sol; sou forte, sou por acaso, minha metralhadora cheia de mágoas. Sou um cara cansado de correr na direção contrária, sem podium de chegada. Se você achar que estou derrotado, saiba que ainda estou rolando os dados, por que o tempo não para. Dia sim, dia não, vou sobrevivendo sem um arranhão na caridade de quem me detesta”. Eu sou mais um cara!
Marco Antônio de Figueiredo
Articulista e Advogado