ARTICULISTAS

"Naquela Mesa"

Marco Antônio de Figueiredo
Publicado em 13/08/2022 às 22:05Atualizado em 18/12/2022 às 21:08
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Todos nós imaginamos a força que temos, mas não sabemos a força que tem a saudade de alguém que amamos e nos afastamos dela por algum tempo, que não sabemos o quanto pode durar.

O tempo passa ligeiro, o coração aperta, as imagens e recordações afloram, e sinto uma lágrima correr em minha face.

Vem-me à memória a música “Naquela Mesa”, cuja letra escrita pelo poeta e maestro Sérgio Bittencourt, praticamente faz um currículo de parte da convivência que tive com meu pai, durante quase 60 anos.

O som que reflete na memória me perturba e muito. Não pelo volume, mas pelas recordações e aquele frio que percorre a espinha, traz na memória imagens de quando sentávamos em volta da mesa da copa, lá da casa do “Paizinho”.

Naquela mesa, ali na rua Tiradentes, ele sentava “me dizendo sempre o que é viver melhor” e mais do que contar estórias, ele fez história, “que hoje na memória eu guardo e sei de cor”.

Nos seus olhos, quando falava do presente ou relembrando sua luta junto com sua eterna amada, “Mãezinha”, “tinha tanto brilho, que mais que ser seu filho sempre fui seu fã”.

Sentindo a presença de meu pai aqui comigo, sei lá por quanto tempo, se por longos minutos ou horas, não me recordo, tive a sensação e o calor dos teus abraços raros, do teu sorriso, das leituras de romances e dos sinceros conselhos e ensinamentos de como proceder na vida.

Vi e senti a presença, relembrando aquela vontade de viver que ele tinha e fazia questão de demonstrar, mesmo com os seus mais de 90 anos.

Entre as lágrimas que insistentemente brotavam pela minha face, meus pensamentos buscavam a imagem daquele guerreiro, abençoado por Deus, com muita sabedoria e discernimento, sentado na ponta daquela mesa, orientando-nos sempre qual o melhor caminho a tomar.

Saudade! Nem mesmo os poetas, os românticos, amantes ou escritores conseguem defini-la. Mário Palmério se aproximou bastante do conceito de saudade ao afirmar que, “se insistes em saber o que é saudade, precisa, antes de tudo, compreender, sentir o que é querer, o que é ternura... Saudade é solidão, melancolia e, na distância, é recordar e sofrer”.

Paizinho, onde quer que o senhor esteja, ou onde quer que eu vá ou esteja fazendo, sei que continua do meu lado, me orientando e me protegendo.

Sei que vamos nos encontrar de novo algum dia e vou poder abraçá-lo novamente, sentir seu sorriso e lhe desejar um feliz Dia dos Pais, pois “naquela mesa está faltando ele (paizinho) e a saudade está doendo em mim”.

Marco Antônio de Figueiredo

Articulista do Jornal da Manhã

 

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