Todos nós sabemos que nem tudo acontece da forma ou do jeito que gostaríamos que fosse, mas não fazer nada para que aconteça o que almejamos é, no mínimo, reprovável.
Nem sempre temos “vontade suficiente” para entender e aceitar determinadas circunstâncias que a vida nos impõe, mas temos, sim, a obrigação de buscar, aperfeiçoar e digerir o que parece ser imutável.
O silêncio me incomoda quando é preciso falar, pois de nada adianta tapar o sol com a peneira, fechar os olhos quando é necessário ver e enxergar fatos e procedimentos que brilham e nos ensurdecem com o grito de socorro por justiça e honestidade.
Não dá para se retrair diante de falsidades, quando são mescladas de vaidades mesquinhas e atos infantis.
Não dá para ficar somente caminhando e cantando a canção, de braços dados ou não, pois sabemos que muitos dos que conosco convivem gostam de discursos sutis, enquanto trama golpes com olhares carregados de senhas e falam através de sussurros e sorrisos ardilosos.
Como diria Oswaldo Montenegro, metade de mim me incomoda, mas luto para que a força do medo que tenho não me tapem os ouvidos e a boca, porque metade de mim é o que eu grito, mas a outra metade é silêncio.
Um silêncio amargo de dar náuseas, que dá dentro da gente e que não devia, que é feito uma aguardente que não sacia, que é feito estar doente de uma folia, que nem dez mandamentos vão conciliar e nem todos os unguentos vão aliviar.
A cada dia que passa, o barulho aumenta na mente e surge um turbilhão de fatos que tornariam notícias, pois ferem procedimentos, solidificando ao ver pipocando denúncias e dedos em riste contra algo que não poderia acontecer, frases escritas com lágrimas na memória dos que articulam nas sombras, tentando romper barreiras da honestidade, em meio a batalhas políticas, em busca pela busca de riquezas.
Lembrando Cazuza, não quero disparar contra o sol minha metralhadora cheia de mágoas pelo sofrimento que nossa sociedade já passou outrora.
Fico cansado de correr procurando o bem enquanto falsos defensores dos fracos e oprimidos nadam de braçadas pelo poder.
Ainda estão rolando os dados, e o tempo não para, e dia sim, dia não, vejo o preconceito e o machismo implacável ferindo quem luta por uma sociedade melhor, sobrevivendo sem arranhão, mesmo sofrendo ataques mil.
Apesar de tudo, ainda nos resta a esperança de uma vida melhor, lutando para derrubar esse muro cheio de hipocrisia que insiste em nos rodear.
Domino o silêncio ao ver que tem alguém que sabe comandar tudo, com o espírito honrado e honesto, com vontade de acertar, concertar e consertar a equipe que rodeia, mesmo existindo aqueles que insistem em fechar a cartilha atual, pregar a líder na cruz e depois entrar em contato com os urubus do passado, nas sombras e porões do submundo.
Marco Antônio de Figueiredo
Advogado, jornalista e articulista