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No meio da melodia...

Marco Antônio de Figueiredo
Publicado em 07/07/2014 às 08:21Atualizado em 19/12/2022 às 06:59
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Hoje, acordei sem inspiração para escrever. Talvez seja a ansiedade acumulada com o nervosismo por torcer pela seleção brasileira na sexta, ver o Neymar machucar, assistir a vitória da Argentina e a derrota da Costa Rica.

É muita pressão para um simples brasileiro, mesmo tendo tudo isto acontecido em um ambiente familiar, em ótimas companhias de Deusdeth, Val, Dr. Ramiro Neto, Maisa, Regiana, o alemão Peter, Claudio e sua esposa, além de um bando de crianças que se divertiam em outro ambiente.

É engraçado vivenciar momentos diferentes daqueles que passei nos últimos dias, ao sair de casa e, por alguns minutos, nos deparamos no mundo real, com pessoas que se comportam como uns “monstros esquisitos” que olham para nós fixamente, como que querendo entrar nas nossas mentes, para saber o que nos faz sorrir, às vezes, é ter o olhar perdido no vazio, ou ainda quando queremos eternizar momentos de real significado em nossas vidas.

Diante dos encontros nos desencontros apresentados, resolvi me isolar em pensamentos, buscando nos intervalos provocados pela força da calma diante da ansiedade, pegar um livro de William Shakespeare como forma de apaziguar as imagens que se avolumavam diante do olhar perdido no tempo e espaço.

Por alguns instantes, tirei os olhos do livro que estava lendo e com o olhar fixo no vazio, descobri o quanto é difícil falar e dizer coisas que penetram a alma, mas que por razões que a própria razão desconhece, não podem ser ditas.

Por alguns milésimos de segundo pensei como seria o mundo criado pelo portador de autismo. Sua felicidade e seu momento de vida é tão silencioso que chega a nos incomodar.

Como seria traduzir o silêncio produzido pelo olhar de felicidade implícita no brilho do encontro real entre o amor e carinho daqueles que o cercam? Um barulho estranho me fez voltar à realidade, mas a dúvida ficou martelando meus pensamentos.

Olhei fixamente os objetos que compunham meu mundo naquele instante e senti que aquele segredo feito pelo silêncio das palavras e o som dos pensamentos, poderia ser definido como o que pode ser chamado de comunhão perfeita, ou estado agudo de felicidade.

Voltei os olhos para o livro e comecei a folheá-lo até parar em um poema em que dizia: “um dia a gente aprende que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que se teve do que com quantos aniversários você celebrou; aprende que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la por isso; aprende que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida! Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o bem que poderíamos conquistar, se não fosse o medo de tentar”.

Fechei o livro e em silêncio disse ao meu coraçã Um dia a gente cresce; um dia a gente amadurece; um dia a gente aprende, pois nossa existência é como uma música, onde pode existir mistério, carinho, comprometimento e juras de amor na introdução, mas termina com a confirmação das palavras, dos atos praticados e com a experiência do passar do tempo.

Mas, no meio da melodia, existe a emoção, a qual faz com que tudo tenha valido a pena viver.

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