De repente, o País tropical, abençoado por Deus, como é conhecido o Brasil, se vê imerso em uma atmosfera de “guerra”.
Não vejo essa atmosfera de “guerra” apenas pela duvidosa quarentena exposta de mil formas diferentes e desigualdades no tratamento das classes, ou mesmo pela comunicação política que trava uma disputa de vaidades sem limites...
Não! Também vejo distorções na mídia, principalmente nas redes sociais que se dividiram e se preocupam mais nos xingamentos e troca de palavrões entre as chamadas turmas da esquerda e direita, numa “briga” sem fim desde os primeiros dias após a vitória nas urnas do atual Presidente do Brasil.
Para completar o front de batalha, incentivando o caos e injeção de propagação da terrível depressão que já assola grande parte da população, os telejornais disputam quem subirá ao pódio macabro, divulgando boletins diários de contagem de mortos, infectados e suspeitos de estarem contaminados pelo inimigo mundial, o terrível “Coronavírus”, injetando essa necromancia dia à noite.
Pelas redes sociais, nas conversas via videotelefonemas com amigos e parentes, sentimos as visíveis implicações desse período de isolamento que certamente tornarão um caos sem precedentes, que serão vistas apenas mais tarde, bem mais deprimentes das que estão sendo sentidas agora.
Nesse contexto e o que se vê nos boletins divulgados a todo instante por todos os canais de comunicação, é que o Estado parece ser o único agente da saúde pública lutando contra o contágio, a morte e o caos.
O certo é que menos da metade da população não quer e não ajuda, tudo comprovado pelas imagens estampadas em vídeos, fotos e reportagens diárias.
Se pararmos para analisar o que acontece em nossa cidade, no nosso Estado, no nosso País, veremos que, na realidade, o Estado, em suas três esferas, desmantelou toda a estrutura da saúde pública, dando prioridade em satisfazer as demandas de industriais, de proprietários de terras, banqueiros, obras e “chafarizes” que justificassem o gasto desenfreado do tesouro, cabides de emprego e aditivos contratuais, mas... “esqueceram” de proteger a saúde dos cidadãos.
Hoje vejo perigos mais assustadores e iminentes que brotam de forma também silenciosa, invisível e mortal, dentro dos lares daqueles que cumprem a ordem autoritária do “fique em casa”... que é a fome, o desespero, a angústia e a depressão.
Não tenho competência para me expressar sobre a abordagem autoritária conduzida com medidas drásticas aplicadas às cegas pelos governantes, mas ninguém pode negar que estão servindo para desintegrar a base social, assim como as formas de autodefesa, quer seja individual ou coletiva, levando-nos a buscar na fé o caminho para reagir.
Não sabemos quando tudo isso vai acabar, ou mesmo se vai acabar com tudo isso que ainda nos resta.
Marco Antônio de Figueiredo
Articulista e advogado