Com o tempo aprendemos que muitas vezes a gente se perde em sonhos fantásticos de riquezas, conquistando um prêmio milionário da Mega Sena acumulada, enquanto nossa alma e nossa vida real contentam com o ganho conquistado com o suor do trabalho, alegrando o espírito por poder repartir com seus entes queridos.
Li certa vez que quando dormimos, nós morremos para a vida, enquanto os sonhos nascem e se tonificam em uma liberdade total, indicando até onde podemos seguir, deixando de lado o medo de nossas reações. Mas, ao acordarmos, enfrentamos a realidade que insistimos em criar, muitas vezes enxergando as máscaras estampadas nos sorrisos falsos, os tapinhas e as palavras decoradas de todos aqueles que, por pura estupidez, acham que tudo não passa de um sonho e vivem pensando que a vida poderia ser melhor, mas estampam a aflição pelo que não têm, querendo aquilo que não lhes pertence, insistindo em lutar sempre da mesma forma para continuar tudo igual, mesmo falando em mudanças, chorando pelas lágrimas não derramadas, desenhando a vontade e o desejo de um mundo melhor, para conseguir viver sob a ilusão do mundo perfeito.
A verdade é que Deus criou este grande circo em que o espetáculo da vida fica dividido em cenários mil, cabendo a cada um de nós escolher qual é o papel que exerceremos no picadeir ilusionista, malabarista, palhaço, trapezista domador de animais ou simplesmente um dentre tantos espectadores que se amontoam nas arquibancadas da vida, olhando tudo que acontece, aplaudindo uns, vaiando outros, fotografando cenas, mas nunca se esforçando para buscar um lugar no pódio da perseverança e da imortalidade desta vida passageira.
Com o tempo nosso olhar fica mais atento, o movimento passa a ser mais observado, o mundo a nossa volta se torna cenário laboratorial, fazendo com que enxerguemos melhor os ilusionistas, os palhaços, os trapezistas, os malabaristas, os mágicos, os anões, as belas e as feras, os engolidores de espadas, os lançadores de facas, os bilheteiros, os vigias, os motoristas, os que se julgam donos do circo, as damas de companhia, os cambistas, os pipoqueiros e demais figurantes que nada fazem além de volume e gerar despesas.
No comportamento dos artistas com os quais convivemos diariamente sobressai o interesse individual e, às vezes, a consciência coletiva, pois vivemos uma inimaginável crise de valores, na qual impera o famoso “cada um por si e Deus por todos”, que podemos definir como “um verdadeiro circo de horrores”.
A verdade é que nos tornamos o que alimentamos nossa alma e nossos pensamentos, pois vivemos conforme o tamanho do picadeiro no circo que montamos sobre as lonas de nossas vidas.
Marco Antônio de Figueiredo
Articulista e Advogado
Pós-Graduado em Ciências
Políticas pela UFSC
marcoantonio.jm@uol.com.br