Plagiando, em parte, o poeta mineiro Affonso Romano de Sant'Anna, Uberaba poderia ser considerada a cidade “do diz e do desdiz, onde o dito é desmentido no mesmo instante em que é dito. Não há linguísta que apure o sentido inscrito nesse discurso invertido. Aqui o discurso se trunca: o sim é não. O não, talvez. O talvez, nunca”.
Todos aqui sabem da existência de um velado duelo entre posicionamentos técnicos e políticos, focando sobre os perigos inerentes à construção de um hospital próximo de um cemitério.
Como quase tudo que acontece em Uberaba, o tempo passou... passou... e nada de solucionar um fato tão simples e que já está definido na alma de todo cidadão, mas que a vontade política insiste em discutir, determinar, impor, contrapor e resistir até o fim, podendo causar até mesmo o cancelamento da verba governamental já liberada para a construção do Hospital Regional, para que depois, em discursos inflamados, colocar a culpa na situação ou na oposição.
O pior do que ver e ouvir a respeito da insistência em construir o “bendito” hospital, quase dentro do Cemitério São João Batista, é ver estampado em manchetes de jornais, quanto as afirmativas e desmentidos sobre opiniões de dirigentes políticos aliados, dizendo ser ou não ser a favor.
Com tantos disse não disse, sou mas não mando e mando mas não sou, qualquer cidadão chega à conclusão de que está confuso, mais obtuso que o imaginário “Zéca Diabo” do filme O Bem Amado, com a razão em parafuso, vendo que a honestidade das palavras e opiniões sérias estão saindo de moda e que a honra certamente já caiu em desuso.
Mais um capítulo desta história da construção do Hospital Regional de Uberaba acontecerá esta semana, com a realização de uma Reunião Pública, em que foram convidados técnicos para discutir o assunto. Que a participação popular é necessária, isto é unanimidade.
A Igreja Católica Apostólica Romana já demonstrou sua preocupação enfocando um ângulo ainda não discutido abertamente, alertando inclusive que a “cidade incorre no risco de cometer um erro histórico”.
Psicólogos, enfermeiros, psiquiatras e acompanhantes de enfermos crônicos, formam o segmento também será questionado e ouvido quanto às consequências e sequelas psicológicas, em grande parte, irreversíveis e até mortais aos pacientes, visitantes e parentes. Isso, se o Hospital for realmente construído onde deseja a Administração Pública Municipal e que é combatido por lideranças representativas da cidade, que afirmam a existência de outros locais mais apropriados.
O que se espera da Reunião Pública convocada pelo vereador Ripposati, para discutir sobre o Hospital Regional de Uberaba, é que não se transforme em uma arena para duelar sobre vaidades e imposições. Afinal, como afirma no livro “Fonte da Vida”, texto de Clara da Costa, “somos animais racionais, uma dádiva dada por ELE, e devemos agir como tal. Para sermos felizes deveríamos "guardar o Ego no bolso", não duelar, e sim dialogar como seres inteligentes que somos”.