ARTICULISTAS

O futuro repetindo o passado

Marco Antônio de Figueiredo
Publicado em 11/10/2010 às 01:13Atualizado em 20/12/2022 às 03:50
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Cazuza era um profeta dos fatos políticos e sociais do Brasil. Se analisarmos as letras poéticas de suas composições musicais e trouxer para os acontecimentos atuais, chegaremos à conclusão que o Brasil tem que mostrar a sua cara, “porque o tempo não pára”!

Não precisa ser analista, psicólogo ou psiquiatra para diagnosticar que os olhares incrédulos da maioria dos brasileiros, excluindo é claro, os revoltados sem causa, os sanguessugas radicais e os dependentes incultos das “bolsas esmolas”, está cansada “de correr na direção contrária, sem pódium de chegada”, sentindo que seu “partido, é um coração partido, e as ilusões, estão todas perdidas”, porque “os sonhos, foram todos vendidos tão barato” que nem dá para acreditar.

Realmente “o tempo não pára! Eu vejo um futuro repetir o passado; eu vejo um museu de grandes novidades”.  Se puder, pare por um instante e analise os acontecimentos políticos e sociais da última década. O que se pode encontrar de mais constante nos noticiários e nas consequências das atitudes tomadas por nossos governantes em nossas vidas? Certamente chegará à conclusão de que nada mudou além da evolução tecnológica, do comodismo e preguiça.

O velho guerreiro, Abelardo Barbosa, nosso querido “Chacrinha” já dizia que “neste mundo nada se cria, tudo se copia”. Até parece que ele estava enxergando os discursos e promessas de campanhas políticas, de candidatos possuídos de imensurável candura e capacidade governamental, capaz de resolver qualquer dificuldade, independente dos poderes da “lâmpada mágica de Aladim ou de Ali Babá”, acionada, muitas vezes, de forma escancarada, nas gavetas, meias, cuecas ou malas dos componentes do Poder! 

 Na verdade tudo se repete no comportamento político brasileiro. O “modus operante” está impregnado nas colunas palacianas, desde o Brasil império. A escritora Marielza Álvares de Andrade, confirma nosso entendimento ao afirmar que na Corte palaciana, no tempo de D. Pedro I, tudo era intenso, “a avidez pelo dinheiro, volumosa outorga de comendas e títulos de nobreza, chantagens, disputas fortes na política, rombos no caixa, conflitos e tantas coisas mais que fizeram os problemas do reinado anterior, parecer ingênuos e pequeninos”.

O que mudou? A sociedade escravocrata brasileira? A desfaçatez na outorga indiscriminada de honrarias e títulos? As chantagens e os rombos ou roubos no tesouro nacional? A avidez pelo dinheiro e pela continuidade no poder? Não,... nada mudou! Nas águas e mágoas palacianas, as piscinas estão cheias de ratos e as ideias não correspondem aos fatos e muito menos às necessidades da população.

Mas eu sou brasileiro, e como dizia Cazuza, “disparo contra o sol; sou forte, sou por acaso, minha metralhadora cheia de mágoas. Eu sou um cara cansado de correr na direção contrária, sem pódium de chegada. Mas se você achar que estou derrotado saiba que ainda estou rolando os dados, por que o tempo não pára. Dias sim, dias não, eu vou sobrevivendo sem um arranhão na caridade de quem me detesta.” Eu sou mais um cara!

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