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O líquido da morte

A população brasileira está passando por uma espécie de epidemia mortal, que transcende qualquer entendimento lógico, mas que certamente poderíamos chamá-la de distúrbio bipolar

Marco Antônio de Figueiredo
Publicado em 24/05/2010 às 00:19Atualizado em 20/12/2022 às 06:25
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A população brasileira está passando por uma espécie de epidemia mortal, que transcende qualquer entendimento lógico, mas que certamente poderíamos chamá-la de distúrbio bipolar da consciência política. Que me perdoem os cientistas, estudiosos e doutores da medicina pelo plágio no diagnóstico desta doença que assola o Brasil, inclusive nossa querida cidade, mas não dá para achar outra definição.   Já disseram que não adianta lutar contra esta peste, mas não dá para acovardar, esconder atrás da moita da indiferença, ou até mesmo silenciar diante de fatos que podem ter consequências desastrosas para esta geração e as que virão. Não dá para emudecer e deixar de participar da discussão que envolve a construção do Hospital Regional de Uberaba.   Alguns concordam com o lugar escolhido até agora, por ser mais fácil estacionar o carro e ser perto de uma das saídas da cidade. Outros falaram que lá seria mais econômico fazer o enterro e o local já pertencente à Prefeitura. Outra meia dúzia de “gatos pingados” deu opiniões sem nenhum fundamento técnico, mas como os anteriores, visaram interesses indecentemente fundamentados na famosa Lei de Gerson, querendo levar vantagem em proveito próprio, quer seja de comodidade, lucro imobiliário, ou qualquer outro tipo de vantagem econômica.   E o bem-comum, a saúde, a vida, o conhecimento técnico sobre o lugar mais apropriado, a vontade popular, onde ficam? Será mesmo construído o Hospital Regional perto daquele local onde tudo fica enterrado, tanto os restos mortais de nossos entes queridos, assim como as bactérias e os vírus que não se espalham por não terem asas, como querem fazer ser verdade o dirigente municipal?   Será que aqueles que morreram de doenças crônicas, epidemias virais, pestes bacterianas, ao serem enterrados serão purificados, ao ponto do mal desaparecer e não implicar em nenhuma consequência maligna para os prováveis pacientes do Hospital Regional de Uberaba, simplesmente porque um administrador assim o quer? Claro que não!   Este hospital poderá ser construído a menos de 100 metros do maior cemitério de nossa cidade, quando existem tantos outros locais mais apropriados, só porque alguém quer demonstrar seu poder e força? Qualquer cidadão lúcido sabe que não se deve construir um hospital perto de um cemitério, por questões de saúde e higiene. Alegar que antigamente era normal fazer isto é o mesmo que assinar um atestado de ignorância, pois antigamente não existiam aparelhos tão sofisticados comprovando que os hospitais próximos a cemitérios, são os que mais sofrem com infecções das mais variadas espécies, encontrando bactérias mais resistentes e com maior dificuldade de combatê-las.   A principal causa das infecções é um tal de necrochorume, que em resumo é um caldo maldito, também conhecido como o líquido da morte e da podridão, que contamina o solo e a água. É o lixo funerário em que prevalece o cheiro nojento dos gases funerários resultantes da putrefação dos cadáveres, dentre eles o gás sulfídrico, o mercaptano, o dióxido de carbono, o metano, o amoníaco e a fosfina, que vazam para a atmosfera de forma intensa.   Os especialistas são unânimes em afirmar que o perigo do necrochorume é devido aos microorganismos patogênicos, aos seus riscos infecciosos, ao que nos leva a ser terminantemente contra a construção do Hospital Regional de Uberaba, onde estão querendo, hoje construir.

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