Relendo um artigo de Raquel de Queiroz, me veio a imagem realista de nossos dias quanto a não mais existir um número considerável de bons políticos, pelo menos na concepção da ética, da inspiração e visão progressista.
Os políticos bons, os ótimos, os verdadeiros líderes que poderiam ajudar os sabedores, os honestos, os sinceros, estão ficando no passado, nos deixando somente a lembrança de que o Brasil já teve aqueles a quem pudesse apelar, a quem fizesse o que fizeram, que assumissem os duríssimos encargos, de dirigentes dignos de um povo como nós.
Neste último final de semana perdemos mais um “mineiro” político que foi exemplo de liderança, sensatez e transparência administrativa.
Talvez tenha sido Itamar o baiano mais mineiro que o Brasil conheceu. Para fazer inveja aos mineiros, Itamar Augusto Cautiero Franco, nasceu no mar, a bordo de um navio que viajava pela costa da Bahia rumo ao Rio de Janeiro, de nome Ita, daí o nome da junção Ita+mar.
Perdemos neste mundo a presença de Itamar, mas a imagem de seu topete, sua garra, sua história e seus exemplos ficaram para mostrar que o lamaçal, que de uns tempos pra cá se faz presença constante lá pelos lados do Planalto Central, pode ser extirpado a qualquer momento, bastando apenas que a “Sargento Mor” do quartel palaciano, resolva incorporar a figura de uma verdadeira “mãe” brasileira, colocando “de castigo” no “banquinho da honestidade”, grande parte de seus subordinados próximos.
Ao olharmos pelo túnel do tempo chegaremos à conclusão que não se faz mais presidente como Itamar Franco, principalmente sob o prisma da probidade administrativa, pois quando esteve no Palácio do Planalto, nunca se viu nada igual na política brasileira. Ele jamais admitiu que qualquer membro do governo, especialmente do primeiro escalão, fosse colocado sob suspeita de irregularidade. Afastava o ministro imediatamente, até que o caso fosse totalmente investigado e concluído.
A morte de Itamar Franco nos fez refletir, mais uma vez, que a reputação do homem acompanha sua trajetória e é relembrada junto à sua sepultura, enquanto que o caráter é o que você tem quando vai embora, pois ele é construído pelas suas palavras e comportamento durante sua vida.
São homens como Tancredo Neves, Itamar, Aureliano, Juscelino Kubitschek, Tiradentes, entre outros, que fazem os homens da terra sagrada do pão de queijo, do tutu, do ovo e do queijo caipira, suspirar, erguer o queixo e gritar do ponto mais auto da Mantiqueira, que ser mineiro é ser diferente, é ser político, ter marca registrada, ter história, ter simplicidade, coragem, bravura, fidalguia e elegância.
Agora, com a morte de mais este mineiro só podemos dizer ao neto de Tancredo Neves, nosso querido Aécio, que ele pegue o bastão deixado por Itamar e volte o seu olhar para este País tão carente de ver novamente a República do “Pão de Queijo” funcionar, afastando do Planalto Central os espinheiros da corrupção e os bichos venenosos que corroem a transparência e derrubam a democracia.
Que realmente comece em 2012 e 2014 a ser brotado novamente alguma fonte de água limpa na política brasileira, fazendo ressurgir uma nova flor da honestidade.