Gosto de escrever... é terapêutico, um modo de extravasar o que sinto, pois quando escrevo me sinto vivo, como se eu ligasse algum botão que acende a vida.
Quando escrevo, consigo ouvir o silêncio que pulsa em mim, dando corda à imaginação, e viajo em pensamentos, soluções para as questões que me envolvem no dia a dia.
É como que ser tomado por uma vontade de falar através da mente sem precisar me mexer.
Escrevendo, consigo articular palavras mudas que saem da razão, fugindo das sensações do vazio, fluindo satisfações que se transformam em ideias, numa metamorfose das palavras mudas em letras expressas.
Hoje, neste silêncio sedutor da madrugada, como entrar em um transe, forma-se um borbulhar de atos e fatos que me fazem duvidar se realmente acontece, numa busca entre o aparente, o imaginário e a realidade, me convocando a interagir e digitar no mundo real.
É assustador, mas consigo formar uma ideia, dissertar sobre ela, mesmo me sentindo fora do mundo real, como se estivesse ausente de mim mesmo, com o pulsar do coração de forma acelerada e, ao mesmo tempo, sentindo uma paz indescritível.
A voz do silêncio faz com que eu consiga comunicar meu consciente e o imaginário em uma mesma frequência, como se vivesse algo comigo mesmo, sem participação de ninguém... deixando sobressair a realidade, dando vazão à sedução do silêncio.
Esse silêncio massageia a mente e desperta os pensamentos, fazendo ferver os julgamentos, os compassos e descompassos, alertando o vício da soberania em conceituar, rotular, fazendo-me esquecer que no dia a dia nos tornamos reféns desta compulsão em julgar apressadamente.
Por alguns segundos, fecho os olhos procurando “curtir” a paz que encontrei neste instante, buscando o relaxamento e meditação, indo ao encontro de uma letargia de descanso.
Sinto melhor por me permitir iss apenas ser, sem a necessidade do escrito, da palavra.
É bom ir ao encontro do silêncio, não buscando palavras, ideias, imagens ou fatos ou qualquer coisa que possa impedir essa invasão à alma; da paixão e do amor, pelo conhecimento da mente, fortalecendo as energias para enfrentar a realidade.
Amanheceu... o silêncio é quebrado pelo cantar dos pássaros, mas antes de ir ele nos deixa a lição de que é repleto de sabedoria e espírito de potência, assim como o mármore rosado não talhado é rico em escultura.
Marco Antônio de Figueiredo - Articulista e Advogado - marcoantonio.jm@uol.com.br