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O silêncio de outrora

Será que todas as cidades são assim? Está certo que cada uma tem seus próprios ruídos, enquanto que em algumas são maiores devido às fábricas, em outras o silêncio chega a ser incômodo...

Marco Antônio de Figueiredo
Publicado em 29/03/2010 às 00:33Atualizado em 20/12/2022 às 07:22
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Será que todas as cidades são assim? Está certo que cada uma tem seus próprios ruídos, enquanto que em algumas são maiores devido às fábricas, em outras o silêncio chega a ser incômodo. Existem casos em que o barulho é tolerável, como o cantar das maritacas e bem-te-vis e uma infinidade de outros pássaros, no alto da mangueira lá do fundo do quintal, que fazem com que as pessoas se acostumem com ele, chegando às vezes a fazer parte do cotidiano. Em Uberaba nos finais de semana, assim como todos os demais dias, o tormento auditivo é muito diferente do canto dos pássaros, do soprar dos ventos, da marcação melodiosa dos pingos da chuva no telhado ou mesmo no vidro da janela.   Pode não ser, mas tudo leva a pensar que existe cumplicidade das autoridades com grande número de psicóticos depressivos maníacos para testar a sanidade dos habitantes desta metrópole triângulina. O que acontece aqui em Uberaba está mais para uma “gaiola de loucos”, que se desafiam mutuamente, para ver quem é que faz mais barulho. Se andarmos a pé, durante a semana, da praça Rui Barbosa até o 5° Quarteirão da Artur Machado, entre 9h e 17h, sem tapumes nos ouvidos, facilmente sentiremos um inferno repleto de ruídos incontroláveis e intoleráveis, de motos, carros de som, notas musicais de todas as espécies de ritmos, às vezes sufocados por televisores expostos em magazines, tudo massificado em um estrondar crucificante que mais parece um britador de pedreira em nossos tímpanos, vindo do mais profundo buraco do inferno.   Qualquer adjetivo pejorativo não dá para ser aplicado ou comparado ao terremoto ensurdecedor causado aos nossos ouvidos e paciência. Para completar este rebolation institucionalizado no dia-a-dia de Uberaba, ainda tem a poluição dos escapamentos de carros, ônibus e motos, buzinas estridentes e rangido dos pneus nas frenagens bruscas. Os finais de semana hipoteticamente deveriam ser de descanso e silêncio, de repouso à noite, mas infelizmente é justamente aí que começa a disputa kamikaze dos playboys fortalecidos pelo álcool e drogas, dando voos rasantes pelas avenidas, resultando, muitas vezes, em acidentes graves nos postes, muros e canteiros centrais.   São nos finais de semana que os barzinhos invadem as calçadas, utilizando sons eletrônicos no último volume, quando não, cantores que aos urros desafinam e desafiam o som dos frequentadores, que aos berros e gargalhadas satânicas “varam e estraçalham nosso tão querido repouso semanal, não permitindo a tão necessária noite de sono”. Que saudades que temos da nossa querida Uberaba de outrora, onde o amanhecer significava levantar descansado e bem disposto para o trabalho, onde se liam nas manchetes de jornais as realizações de nossos pais, amigos, vizinhos e de bons governantes! Ah! Que saudades de viver um final de semana silencioso, sem sequer um tinir de qualquer som eletrônico no ar.

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