A pergunta ecoa na mente de muitos brasileiros: quando foi a última vez que ouvimos um discurso que realmente fizesse sentido, que propusesse soluções práticas e eficazes para os problemas que o Brasil enfrenta?
A resposta, quase sempre, é um silêncio constrangedor.
A sensação é de que vivemos em um ciclo vicioso de ideias rasas e propostas mirabolantes, que mais parecem slogans de campanha do que planos de ação concretos. A frustração é palpável e generalizada.
Nos noticiários e debates, somos bombardeados por uma enxurrada de análises que, no fim das contas, pouco contribuem.
O problema da segurança pública, por exemplo, raramente é tratado de forma completa. O que se ouve são propostas simplistas de aumento de penas ou mais armamento, enquanto as causas complexas – como a falta de educação, a desigualdade social e a falência do sistema prisional – são deixadas de lado.
O debate sobre a economia também sofre do mesmo mal, resumindo-se a discussões sobre juros e impostos sem um olhar profundo sobre a produtividade, a burocracia excessiva e o investimento em tecnologia.
A educação, pilar de qualquer nação desenvolvida, vira um palco para discussões sobre ideologia, em vez de focar no que realmente importa: a formação de professores, a infraestrutura das escolas e a reformulação do currículo para o século 21.
Há um abismo entre o que a sociedade precisa e o que os discursos políticos e midiáticos oferecem.
Esse vazio de ideias deixa a população à deriva, sem um norte claro de como o país pode progredir.
No entanto, há um detalhe importante: o fato de as ideias sensatas não terem espaço não significa que elas não existam. Pelo contrário. Há centenas de economistas, educadores, cientistas e urbanistas trabalhando em propostas viáveis.
Pesquisas de centros de estudo, artigos acadêmicos e projetos de ONGs sérias trazem à tona soluções baseadas em dados e evidências. A questão é que essas vozes são sufocadas pelo barulho da polarização e da retórica vazia.
O grande desafio, portanto, é dar palco para esses discursos. É preciso que a sociedade, a mídia e os próprios líderes busquem e valorizem o conhecimento técnico e a análise aprofundada.
O senso comum e as soluções fáceis não nos levarão a lugar nenhum, enquanto continuarmos alimentando o ciclo de “ideias lixo”, continuaremos presos no eco da frustração, esperando por uma voz que finalmente fale sobre o que realmente importa.
Marco Antônio de Figueiredo
Articulista