As penugens dos tucanos, o salto dos sapos, a estrela da urutu, o verde das árvores, as risadas maquiavélicas das hienas, o chocalho da cascavel, o fedor dos vermes sobre a podridão da corrupção, indicam, sem sombra de dúvidas, que as eleições se aproximam. O desespero para encobrir os cambalachos administrativos, as notas fiscais emitidas e carimbadas antes mesmo de serem impressas pelas gráficas, comprovam que o banquete político está sendo preparado para ser servido. De um lado podemos ouvir o canto dos coiós e lorpas financiados por coronéis, empresários corruptos, sonegadores de impostos e visionários do lucro fácil, associados aos mestres na aplicação dos golpes de caixa dois, enquanto do outro lado estão aqueles que se dizem políticos honestos que, assim como nossas almas, existem, mas ninguém vê. Deus criou o céu, a terra e alguns coiós que querem criar a expressão “bocó” para conceituar a população pouco ou quase nada politizada. Chega a dar nojo ver políticos lorpas “partindo” para o ataque e empurrando a população para a forca, com suas frases prontas que mais parecem verborragias ocas, embaladas por falso moralismo e hipocrisia. Será que alguém acredita na indignação de certos políticos que cantam a existência de dificuldades para repassar as migalhas ínfimas de que as creches têm direito? E o atendimento e leitos aos que procuram desesperadamente as unidades de saúde? Dá para acreditar nas desculpas esfarrapadas para a falta de remédios nos postinhos ou da inexistência de pediatras de plantão nos finais de semana? O que mais se vê, são as “antas políticas” cantarolando que “está tudo dominado”, jogando a culpa na imprensa, além das acusações “sem eira nem beira”, usando palavras proféticas e promessas mil, encantando os “bocós” eleitores, que vivem na esperança de uma “bolsa-esmola” ou de um espaço nas “tetas” da máquina administrativa. Ninguém pode negar que os “lorpas” que administram determinadas cidades, ficam “cantando” aos quatros cantos, canções sem respeitar o adversário, mostrando descaso ao ignorar os apelos dos representantes do povo ou dos presidentes de associações de bairros para uma discussão séria sobre programa de governo, preferindo desferir pancadas cínicas e discurso ditatorial. Afinal, este é normalmente o estilo daqueles “lorpas” que só sabem adotar o papel de boneco de plástico dos ventríloquos, chamando as pessoas de “bocós”, expressão esta que para o momento, é o que há de mais sórdido. Mal sabem estes exploradores da carreira política, que são os responsáveis pelo nascimento, todos os dias, de uma nova prostituta, de um novo menor abandonado, pois, o pior de todos os bandidos é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio, que corrompe, pratica caixa-dois e vende suas propostas e sua moral as empresas nacionais e multinacionais em troca de patrocínio de suas campanhas. Assim, enquanto os coiós cantam, os bocós se encantam com a perseguição política, a imposição de verdades, as ameaças e violência contra opositores, contra todos que ousam discordar... Mas, em breve, este rebanho de bocós será transformado em matilhas ferozes, não vendo quem está do lado do bem ou do mal, na mesma lógica precária e predatória, buscando punir quem os conduziu até ali. Que Deus tenha compaixão dos coiós e dos bocós. Que as estrelas da nossa Bandeira Nacional voltem a brilhar em verde e amarelo, que o céu se torne azul e que possamos acordar e levantar de nosso deitar eterno em berço esplêndido. Marco Antônio de Figueiredo Advogado e membro do Fórum Permanente dos Articulistas de Uberaba e Região marcoantonio.jm@uol.com.br