Ontem encontrei com meu Compadre Neco, depois de quase quatro anos
Ontem encontrei com meu Compadre Neco, depois de quase quatro anos. Conversa vai e conversa vem, ele me contou uma lenda que me fez refletir.
Conta a lenda propagada e prolatada que lá pelos lados do lamaçal da mandioca podre, certo Capiau se achava o rei da cocada preta, quando não o único biscoito do pacote.
Esse Capiau, durante anos, cuidou do brejo junto com outros caipiras, furando buracos por toda parte, dizendo melhorar o lugar, prometendo fazer “trocentas” obras necessárias naquele lugar também conhecido como “Brejão de Major Fantástico”.
Conta também a lenda, de forma exagerada e enganadora, que foi implantado no tal lamaçal um dos mais progressivos laranjais, onde até corvo canta quase todos os dias, de “proprietário”, entoando cantigas que só servem para causar intrigas através de seus inventivos versos, muitas vezes impressos na lama retirada pelo “João de Barro”, propositalmente, com o intuito de fabricar fake news entre os habitantes do povoado.
Disse o “Cumpadre Neco”, enquanto contava a lenda, que o lugar já estava com mais de 300 habitantes e muitos queriam tirar o comando do “Coroné Capiau”, mas ele não queria entregar seu reinado “praqueles” que não faziam parte da sua turma, pedindo para seu sócio e homem letrado instruir o Sr. Corvo que era o representante-mor do laranjal, que escrevesse na lama, com seu bico, fatos inexistentes e depreciativos contra aqueles que poderiam ser opositores às suas vontades.
Tudo corria bem até que surgiu por lá uma cabocla, igual aquela da novela global, com os pés no chão, que tinha experiência em tratar as pessoas na quermesse e falar a linguagem dos pantaneiros; uma caboclinha estudada...
Foi aí que surgiu o desespero do pessoal.
Conta o “Cumpadre Neco” que foi um tal de corre pra cá, corre pra lá, convoca reunião aqui e acolá, determinando até que um papagaio, que se intitulava neutro nas opiniões que surgiam, que montasse um grupo com bichos do “Brejão da Mandioca Podre” e plantasse, dentro da sua neutralidade, ideias que pudessem criar descrédito na imagem da cabocla e seu coeso grupo, que permanecia solidário uns aos outros.
Diz a lenda que quanto mais o Corvo e o Papagaio tentavam, mais os bichos do pantanal ficavam curiosos para saber a verdade a respeito da “tar” caboclinha, mas o pessoal do lugar começou a ter admiração por essa cabocla faceira.
Aí, quando chegou a hora dele concluir e finalizar a lenda, tocou o celular do Compadre Neco; era a esposa dele, chamando para ele ir depressa, que ela estava precisando dele, deixando assim de contar o fim da lenda...
Mas prometo que assim que eu encontrar com ele novamente eu peço para ele me contar e escrevo outra crônica neste mesmo espaço.
Mas, antes de terminar, esclareço novamente que qualquer semelhança com a vida real não passa de mera coincidência.
(*) Advogado e Articulista