ARTICULISTAS

Política, tribos e pajés

Marco Antônio de Figueiredo
Publicado em 11/09/2020 às 04:21Atualizado em 18/12/2022 às 09:25
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Qualquer semelhança com as eleições por estes rincões da “Farinha Podre”, pode ser mera coincidência.

Nunca, em momento algum, como agora, se viu tantos articuladores e entendidos em política, tantos palpiteiros e “otoridades” em eleições e tantas lives com receitas prontas de como solucionar problemas crônicos desta terra tupiniquim.

Diante de tantos “caciques e poucos índios” reunidos nos porões do submundo, resta aos concorrentes entre si, somente recorrer aos “pajés espalhados em várias tribos”, buscando soluções mirabolantes.

Enquanto uma tribo guerreia entre si para decidir quem será o cacique, os guerreiros que poderiam dar suporte a uma vitória ficam desprotegidos aguardando o surgimento de um pajé pacificador.

Por outro lado, algumas tribos entram em entendimentos na busca de poder, condicionando fatiar partes “da reserva geradora de riquezas”, distribuindo ocas confortáveis e de projeção, com direito a acomodar seus pares.

Ao que tudo indica, naquelas terras onde já pertenceram aos tupiniquins, uma pequena tribo escolheu uma Pajé que poderia liderar toda a floresta encantada, mas seu companheiro e guerreiro chefe de uma tribo diferente, tenta negociar com outras tribos, para que ela seja apenas coadjuvante na festança promovida de quatro em quatro anos, em “Aruanã”.

No meio dessa disputa pelo poder daquele pequeno pedaço de terra que quase fica banhado por um rio de grande volume, em um uma oca, pode ser encontrado o jovem “Aritana”, impulsivo e idealista, as vezes provocador, está sempre acompanhado de seu fiel escudeiro, onde ambos carregam suas flechas e lanças, não dispensando a zarabatana para afastar seus inimigos.

No meio da preparação da festa maior que acontece neste final de ano, onde será escolhido quem vai comandar todas as tribos, destacando que pela primeira vez poderá ter uma índia no trono, uma tribo está prestes a decidir se vai disputar com os velhos caciques que se aglomeram em grandes grupos por medo de perder o poder, colocando à frente uma “Dandara” branca, que até onde se sabe, pode concorrer tendo ao seu lado alguém de sua própria tribo.

Neste emaranhado de línguas indígenas onde se fala em paz e pratica a guerra, onde o “cachimbo da paz” fica exposto em um pedestal e nunca é usado, bom seria se os pajés, caciques e índios de todas as tribos conhecessem duas frases de Maquiavel:

“O primeiro método para estimar a inteligência de um governante é olhar para os homens que tem à sua volta“;

“A ambição do homem é tão grande que, para satisfazer uma vontade presente, não pensa no mal que daí a algum tempo pode resultar dela”.

 

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