Novamente estou sentado na varanda do quarto, na madrugada de domingo, revisando a vida desta terra tupiniquim e me vêm à cabeça as memórias de uma história mais ou menos interrompida.
Fico a abraçar o silêncio, revivendo lembranças de um passado que não passou e parecendo um filme que eu vivi, ou relendo um livro que eu nem sei se li, com passagens de uma realidade que reside na esperança de viver.
No horizonte surge o raiar do dia me acordando para a realidade deste mundo em que as pessoas não se entendem pela falta de diálogo, comunicação e retorno.
Ao nosso redor encontramos uma série de conflitos, pessoais, profissionais e políticos, que poderia ser evitada a partir do diálogo.
O grande campeão Eder Jofre afirmou certa vez que “o boxe tem uma vantagem sobre a política, pois no ringue você sabe exatamente qual a intenção de seu oponente”, e ele tinha razão, basta analisarmos a situação atual que enfrenta estas terras de Cabral, tanto a de Pedro Álvares como também a do Sérgio.
Por todo rincão brasileiro existem muitas notícias, verdadeiras e falsas, levadas pelos grandes jornais, rádios, redes sociais, fofocas e “rádio peão”, que muitas vezes são editadas ou apresentam somente meias-verdades.
Já não sabemos em que ou em quem acreditar. Falta dialogo. Falta transparência, falta fidelidade a nós que merecemos uma resposta e consideração.
Já dizia Chacrinha, o Velho Guerreir “Quem não se comunica… se trumbica”. Pura verdade, pois o diálogo verdadeiro e transparente, feito de forma clara e direta, acalma, amansa, alegra, demonstra parceria e fidelidade.
Muitos vão discordar da necessidade da comunicação, do retorno e da transparência dos atos praticados ou a praticar, pois a lei da unanimidade total e real somente existe no cemitério, onde os moradores do subsolo permanecem em silêncio, mas, entre nós, que estamos vivos, comunicar é a escola da verdade.
Como a maioria dos brasileiros, me preocupo com meu País e incomoda saber que no Planalto Central, alguns políticos ainda não abriram a cortina do palco para administrar, enquanto aqui na plateia, só ouvimos o ruído abafado das arrumações dos bastidores, ficando a interrogaçã Como se comportará o elenco?
Sentimos que as cortinas estão a “meio-pau”, tudo indefinido, com personagens que surpreenderam a plateia por estarem fora de suas “marcas e patentes”, com trânsito entre um e o outro lado, alguns ajustando a peruca ou escolhendo o nariz, enquanto se fantasiam de “Pato Donald”, “Lobo Mau”, “Branca de Neve”, “Chapeuzinho”, “Homem-Aranha”, “Clark Kent” e “Gepeto”, todos inexplicavelmente abraçados atrás da cortina do palco enfeitado aguardando desocupar um lugar na lava-jato ou no lava rápido.
Vou dormir, pois, pelo menos por enquanto, só nos cabe escolher entre sermos bobos ou cínicos, até o elenco principal da peça da vida querer comunicar e entender que um pingo pode representar um livro inteiro.
Marco Antônio de Figueiredo – Articulista e advogado