Como houve mudanças nos relacionamentos humanos após surgir a internet. As expressões e opiniões que, outrora, na vida real se filtravam antes de proferi-las, hoje, nas redes são expressas sem medir consequências.
O criador da hoje extinta rede social Orkut (Buyukkökten) disse, acertadamente, certa vez, que “A internet transformou a humanidade de muitas maneiras, deixou muitas coisas mais fáceis e eficientes, mas nos tornou mais sozinhos e desconectados do que nunca”.
Se analisarmos por instantes, veremos que este instrumento de comunicação vem condicionando e interferindo psicologicamente em todos os usuários, fazendo-os acreditarem somente naquilo que lhes convém, mesmo que seja bem distante da verdade ou da realidade.
A vaidade, o narcisismo e a megalomania de certos administradores de grupos de WhatsApp e Facebook, sem contar as postagens no YouTube e compras de seguidores no Instagram, são como um estopim aceso de um barril de pólvora nas relações humanas. Assim, o que foi criado para servir de instrumento de aproximação, hoje é utilizado muito mais de arma de destruição moral, sentimental, cultural e de relações humanas.
Se não bastassem as postagens que refletem não verdadeiramente o que sentimos, mas sim o que queremos que o mundo ou algum grupo queira que sentimos, ali é usado como divã psiquiátrico, onde psicopatas em todos os níveis, mal-amados, perdedores de campanhas políticas, “vomitam” suas frustrações, ódios e ignorâncias.
Quer saber a realidade existente nas redes sociais? É simples. Basta expor um comentário apoiando ou discordando sobre qualquer assunto... Ah!!! Em questão de segundos pode se revestir de uma armadura para suportar a fúria instantânea daqueles que discordam de sua manifestação.
A verdade é que as redes sociais, com raríssimas exceções, não passam de uma fábrica de ilusões, exibindo perfis perfeitos, dando sensação de que a grama do vizinho é sempre mais verde que a nossa; que poderíamos estar onde não estamos; fazer o que não fazemos; alimentando sempre a necessidade de aprovação dos outros, da imagem perfeita, de ser reconhecido, afastando sempre da realidade.
Temos que admitir que não há nada demais em compartilhar momentos de alegria, mas, como tudo em excesso faz mal, as postagens sem limites são desagradáveis e desgastantes.
Se alguém deixa de aproveitar realmente o momento que está vivendo, preocupando-se mais em registrá-lo e postá-lo publicamente, é que se torna perigoso, com necessidade de se estabelecer limites, pois a vida passa a se tornar eventos programados para os posts, deixando de ter sentido real.
Marco Antônio de Figueiredo
Articulista do Jornal da Manhã